sábado, fevereiro 13, 2010

ARRUDA, CARNAVAL E A DECISAO DO MINISTRO MARCO AURÉLIO

Gostei tanto do conteúdo da decisao do Sr. Ministro Marco Aurélio, que resolvi postar aqui para o conhecimento e reflexão por parte dos leitores do meu blog.
Crer também é pensar! Orar também é protestar! Profetizar é denunciar!
Forte abraço a todos,
Ézio Lima, pr

"Eis os tempos novos vivenciados nesta sofrida República. As instituições funcionam atuando a Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário. Se, de um lado, o período revela abandono a princípios, perda de parâmetros, inversão de valores, o dito pelo não dito, o certo pelo errado e vice-versa, de outro, nota-se que certas práticas – repudiadas, a mais não poder, pelos contribuintes, pela sociedade – não são mais escamoteadas, elas vêm à balha para ensejar a correção de rumos, expungida a impunidade. Então, o momento é alvissareiro.
3. Indefiro a liminar. Outrora houve dias natalinos. Hoje avizinha-se a festa pagã do carnaval. Que não se repita a autofagia.
4. Estando no processo as peças indispensáveis à compreensão da matéria, colham o parecer da Procuradoria Geral da República.
5. Publiquem.

Brasília – residência –, 12 de fevereiro de 2010, às 10h15.
Ministro MARCO AURÉLIO
Relator"

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Eu cuido muito bem de mim mesmo

Jesus disse: "Ame seu próximo como ama a si mesmo".

Como eu me amo? Deixe-me ilustrar isso com um texto de Gary Sloan:

“Eu cuido muito bem de mim, mas muito bem mesmo. Por exemplo, sempre que estou com fome, eu me dou de comer. Sempre que estou sujo, eu me dou banho. Escovo os dentes, limpo o rosto, lavo as roupas, lavo e penteio o cabelo, e quase nunca esqueço de limpar as unhas.

Sempre que me machuco, cuido de mim. Se for um corte, passo um band-aid em volta. Se for mais sério, procuro alguém que possa me ajudar. Quando estou doente, tomo todos os tipos de remédio.

Quando me sinto sozinho, passo normalmente o tempo com minha família ou meus amigos, ou com alguém que me compreenda.

Se estou com sede, normalmente bebo água, um refrigerante ou leite — qualquer coisa que mate a sede.

Quando acontece de eu estar com calor, visto-me com roupas leves, ligo o ventilador ou o ar-condicionado ou bebo algo gostoso e gelado. Se estiver com frio, ligo o aquecedor, me agasalho ou bebo algo quente.

As vezes tenho perguntas. Apanho então um livro e encontro respostas. Ou então faço alguns cursos.

Sempre que estou de fato cansado, vou para a cama.

Na verdade, cuido muito bem de mim; em certo sentido, eu me amo.

O egoísmo foi dos assuntos principais das conversas de Jesus registradas nos evangelhos. Ele advertiu severamente contra ele, sempre fazendo seus seguidores se voltarem às necessidades dos outros, e não às próprias. "Os últimos serão os primeiros", ele disse, "e os primeiros, os últimos".

O conhecido poema do amor em I Co 13.4-7 exclui o egoísmo: "O amor ... não procura seus interesses (...)Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (ICo 13:4-7, NVI).

A despeito do que Jesus e Paulo disseram, ainda deparo com esse problema do egoísmo todos os dias. Isso ocorre porque sou a pessoa no mundo que mais me conhece, e sou a pessoa que mais se preocupa comigo mesmo.

Tentativas determinadas e dolorosas de dar cabo de meu egoísmo normalmente terminam em fracasso. Refletir sobre o egoísmo é como tentar dormir. Quanto mais esforço se faz pensando em dormir, mais difícil é relaxar e desligar. O ato de concentrar-me em mim mesmo, revendo todas as coisas egoístas que faço, é mais um modo de concentrar a atenção em mim.

No entanto, descobri uma dica útil, que me veio após uma revelação assustadora. Ocorreu-me: e se meu irmão, minha esposa, meus empregados... todos no mundo... amassem a si mesmos do modo como eu me amo? E se todos eles relevassem suas falhas e exaltassem suas qualidades como faço? Seria possível que eles se considerem tão importantes quanto eu me considero?

O pensamento me fez ver que eu nunca havia considerado, nem por um momento, como seria ser como eles. Eu havia estado muito empenhado em amar a mim mesmo para saltar o abismo e ver o mundo através dos olhos deles. As outras pessoas haviam sido coadjuvantes em meu filme. Mas e o filme delas, no qual eu represento um papel menor: como eu apareço nele?

Finalmente, as palavras de Jesus começaram a fazer sentido. O segundo maior mandamento, ele disse, é amar ao seu próximo como a si mesmo. Eu sei que Jesus não quis dizer que eu deveria amar a meu próximo tanto quanto eu amo a mim mesmo; isso é impossível, porque não consigo parar de pensar em mim mesmo. E sinto-me encorajado por Jesus não haver dito: "pare de amar a si mesmo de modo a poder amar ao seu próximo". Jesus compreendia a natureza humana. Sabia o que todas as pessoas pensam sobre si mesmas e suas necessidades.

O que Jesus quis dizer, eu penso, é que eu devo amar meu próximo da mesma maneira que eu amo a mim mesmo.

Eu sei como eu me amo. Essa é a principal preocupação de minha vida — meu primeiro pensamento de manhã, meu último à noite.

Jesus quer que eu pense nos outros. Quer que eu lhes elogie as qualidades tão sincera e entusiasticamente como me cumprimento por meus sucessos. Quer que eu seja tão tolerante, bondoso e perdoador com eles como sou comigo mesmo. Em resumo, ele quer que eu aja do modo como gostaria que as pessoas que me rodeiam agissem.

Texto adaptado do livro “Desventuras da Vida Cristã”, de PhilipYancey

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

SOLIDARIEDADE NA DOR

Acompanhava estarrecido diante da TV as notícias sobre a tragédia no Haiti, e a conseqüente morte da Dra. Zilda Arns, quando fui tomado por um sentimento de intensa vergonha. Senti vergonha por estar apreensivo, preocupado e angustiado com os “meus” problemas enquanto o noticiário anunciava que cerca de 1% de toda a população do Haiti morrera em decorrência do terremoto de magnitude 7.0 na escala Richter, fora o fato de que cerca de 3 milhões de pessoas encontram-se feridas e desabrigadas. Desliguei a TV e orei pedindo perdão a Deus porque não raro supervalorizo os meus sofrimentos e me torno indiferente à dor dos outros. Também orei pelo Haiti, pelas famílias das vítimas e pelos desabrigados; e resolvi fazer uma doação, ainda que pequena, para “Os Médicos sem Fronteiras”. Então, me lembrei de um texto do Henri Nouwen:
“Quando pensamos nas pessoas que nos deram esperança e elevaram a força de nossa alma, podemos descobrir que não foram os conselheiros, nem os moralistas, mas os poucos que foram capazes de articular em palavras e ações a condição humana da qual participamos e que nos incentivaram a encarar as realidades da vida. Pregadores que reduzem os mistérios a problemas e oferecem soluções tipo band-aid são deprimentes, porque evitam a solidariedade compassiva da qual a cura advém. Mas a descrição de Tolstoi das complexas emoções de Ana Karenina, que a levam ao suicídio, e a apresentação de Graham Greene do caso do arquiteto belga Querry, cuja busca pelo sentido o leva à morte na selva africana, podem dar a nós um novo senso de esperança; não devido a qualquer solução que ofereçam, mas pela coragem de entrar tão profundamente no sofrimento humano e falar a partir dali. Nem Kierkgaard, nem Sartre, nem Camus, nem Hammarkjöld, nem Solzhenitsyn ofereceram soluções, mas muitos que leram suas obras encontraram forças para prosseguir em sua busca pessoal. Aqueles que não fogem de nossas dores, mas tocam-nas com compaixão, trazem novas forças e cura. Sem dúvida, o paradoxo é que o início da cura está na solidariedade com a dor. Em nossa sociedade voltada para a solução, é mais importante do que nunca compreender que querer aliviar a dor sem compartilhá-la é como querer salvar uma criança de uma casa em chamas sem o risco de se ferir. É na solidão que essa solidariedade compassiva toma forma.
O movimento do isolamento para a solidão, portanto, não é um movimento de retiro; é um movimento em direção a, é um engajamento mais profundo nas questões cruciais de nosso tempo. O movimento que vai do isolamento à solidão permite-nos perceber as interrupções como ocasiões para uma conversão do coração, o que transforma nossas responsabilidades em vocação, e não um fardo, a creia o espaço interior no qual uma solidariedade compassiva com nossos semelhantes é possível (...) E assim, o movimento do isolamento à solidão leva-nos espontaneamente ao movimento que vai da hostilidade à hospitalidade”. (Crescer: os três movimentos da vida espiritual. p.58-9)
Que os sofrimentos e preocupações pelos quais passamos jamais nos façam surdos, mudos e apáticos quanto à dor que os outros sentem.
No amor dAquele que nos amou primeiro,

Ézio Martins de Lima, pr