Rev. Eugene Peterson
SALMOS 40:6Sacrifício e oferta não pediste, mas abriste os meus ouvidos; holocaustos e ofertas pelo pecado não exigiste
Imagine uma cabeça humana sem orelhas. Uma pessoa estúpida. Olhos, nariz e boca, mas sem orelhas. Onde se encontram normalmente as orelhas há apenas uma superfície lisa, impenetrável, osso granítico. Deus fala. Nenhuma resposta. A metáfora ocorre no contexto de uma atividade religiosa confusa, surda à voz de Deus: “sacrifício e ofertas tu não desejas... ofertas queimadas e ofertas pelo pecado” (Salmo 40:6). Como essas pessoas sabem sobre essas ofertas e como as fazem? Elas haviam lido as prescrições em Êxodo e Levítico e seguido instruções. Elas haviam se tornado religiosas. Seus olhos leram as palavras na página da Torá e rituais foram criados. Como aconteceu de elas terem perdido a mensagem “não solicitada”? Deve haver algo mais envolvido do que somente seguir orientações sobre animais imaculados, um altar de pedra e um fogo sacrificial. E há: Deus está falando e deve ser escutado. Mas qual o proveito em haver um Deus que fala sem ouvidos humanos que ouçam? Assim, Deus apanha uma enxada e uma pá e cava no granito cranial, abrindo uma passagem que dará acesso às profundezas interiores, à mente e ao coração. Ou talvez não devamos imaginar uma extensão estável da cabeça, mas algo como poços que foram entupidos por lixo: ruído cultural, fofocas dispensáveis, conversas inúteis. Nossos ouvidos estão tão obstruídos que não conseguimos ouvir Deus falar. Deus, como Isaque que cavou novamente os poços que os filisteus haviam enchido, recava os ouvidos repletos de lixo audível.
Ser religioso, agir piedosamente...
Não é isso o que você está pedindo.
Você abriu meus ouvidos
De modo que eu possa escutar.
Salmo 40:6