Viver e esperar são dois verbos que conjugamos permanentemente em nossa existência. Nestes últimos dias do ano as pessoas se preparam para esperar um novo ano. A passagem do ano velho para o ano novo é celebrada com religiosidade, misticismo e muita superstição. É preciso matar o velho ano na expectativa de que o novo seja melhor. Ledo engano, nós sabemos. A passagem de um ano para o outro em nada, ou quase nada, pode mudar a nossa vida. Crer nisso, contudo, traz uma dose de ânimo e esperança para muitos cuja vida tem sido um desejo permanente por uma nova oportunidade de reescrever a própria história.
Affonso Romano de Sant’anna escreveu um artigo interessante, publicado no Correio Brasiliense de 31/12/06. O título do artigo era “Parar o tempo”. Sant’anna escreveu que alguns franceses bem humorados estão espelhando pela internet, bem como em vários jornais da Europa, que irão parar o tempo. Dizem que ‘celebrar um novo’ ano é celebrar a morte, porque o passar do tempo abrevia a morte. É preciso parar o tempo, dizem os franceses. Sant’anna, bem humorado, disse que as mulheres brasileiras na faixa dos 30 anos estão se manifestando em prol desta campanha. Afinal, deve ser mais barato parar o tempo que investir em cosméticos e operações plásticas de rejuvenescimento. No final do artigo ele escreve: “Aliás, se permitem, um último comentário. Sendo a luta humana contra o tempo um luta irremediavelmente perdida, só nos resta uma alternativa: entrar no jogo e tentar empatar a partida. E a maneira de empatar o jogo é viver o presente de tal modo que pareça que não apenas subjugamos o tempo, mas que o transcendemos”.
A melhor metáfora para a vida e esta espera por algo que mude a vida, é imaginar a existência humana como uma viagem a bordo de um barco em alto-mar. Alguns estão à deriva. São levados pelas ondas. Seus barcos não têm direção. Vivem como que embalados pelo enredo da letra do samba: “Deixa a vida me levar, vida leva eu...”. Outros entregaram os remos. Desistiram de remar. Estão desiludidos. Sem esperança! Outros, não sabem que estão no barco, não sabem que estão no mar. Não sabem que existe um porto, não sabem que estão perdidos distantes dele. Estes vivem no auto-engano. A vida é uma fantasia, uma ilusão.
Alguns, contudo, sabem que há um porto. Vivem com a certeza de que há um porto seguro e que o seu barco chegará ao destino final, a despeito das circunstâncias, a despeito da fúria dos vendavais e das ondas que soçobram o barco e ameaçam encobri-lo. Seus olhos estão focados na direção correta! Por isso, “remam, sem desanimar, no mar que ainda está pela frente, conservam os olhos fixos em Jesus, pois é por meio dele que a fé começa, e é ele quem a aperfeiçoa. Ele não deixou que a cruz fizesse com que ele desistisse. Pelo contrário, por causa da alegria que lhe foi prometida, ele não se importou com a humilhação de morrer na cruz e agora está sentado do lado direito do trono de Deus. Pensam no sofrimento dele e como suportou com paciência o ódio dos pecadores. Assim, não desanimam, nem desistem” (Paráfrase do texto de Hebreus 12.2-5, versão Nova Tradução Linguagem de Hoje)
Rev. Ézio Martins de Lima