segunda-feira, maio 21, 2007

SEDE DE VIDA


“... eu vim para que tenham vida” (João 10.10)
Muitas vezes, nas ruas agitadas deste mundo,
Muitas vezes, em meio à confusão da luta
Surge um desejo inexprimível
De conhecer nossa vida encoberta:
Ânsia de consumir nosso fogo e força impetuosa
Para encontrar a pista do curso original;
Um desejo de investigar
Os mistérios deste coração que bate
Tão louco, tão profundo dentro de nós ---para conhecer
De onde nossa vida vem e para onde vai”
Matthew Arnold (in The Buried Life)
A busca humana por vida é ansiosa e, quase sempre, frenética! Sabemos que algo está errado quando nossa vida se torna aprisionada pelo casulo da falta de sentido. Desejamos, então, libertar-nos deste aprisionamento de uma vida massificada, insípida, sem cor e paradoxalmente “sem vida”. Precisamos de vida! Carecemos de vida! Ansiamos por vida! Tal necessidade é a mais forte que se impõe sobre nós! Há um desejo incontido de se viver uma vida autêntica e não apenas existir; de “ser” e não apenas “estar” ou ser reduzido ao “ter”.
Esta sede de vida faz com que procuremos por uma fonte que jorre a água capaz de dessedentar-nos. Nesta busca pela fonte, contudo, logo descobrimos que inclusive neste âmbito há muita propaganda enganosa. A experiência frustrante com as fontes que não dessedentam nossa sede vida faz com que nos acostumemos com o “quase” ou que desistamos da busca.
A “quase vida” é o estado no qual a maioria das pessoas vive ou sobrevive. Em um belíssimo texto cujo título é “Acostumar-se”, Clarice Lispector expressa bem este estado no qual acostumamo-nos com menos, com o pouco, com o nada. Ela conclui o texto assim: “A gente se acostuma para poupar a vida/Que aos poucos se gasta e se gasta de tanto se acostumar, e se perde em si mesma."
No texto de João 10.10, Jesus adverte sobre os poderes geradores de morte que matam, roubam e destroem a vida. Conhecemos bem estes poderes, haja vista que os enfrentamos constantemente em nosso dia-a-dia. Alguns há que, de tão opressos, tornam-se cambaleantes e mortalmente feridos! Você já parou para avaliar quais os poderes à sua volta estão minando sua vida?
No mesmo texto de João 10, versos 10-11, Jesus apresenta o antídoto contra os poderes geradores da morte: “(...) eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”. Jesus é o “pão da vida” (João 6.48); a fonte da vida (João 4.14; 7.38); o doador da vida (João 3.16, 36; 10.28; 17.2); a própria vida (João 1.4; Colossenses 3.4; I João 1.2).
Para dessedentar nossa sede de vida precisamos da vida de Jesus em nós. Não se trata, contudo, “de viver com a ajuda de Cristo”, mas de um nascimento do alto (João 3.5, 2 Coríntios 5.17) que faz com “Cristo viva a Sua vida em nós". “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gálatas 2.19-20).
Viver a vida de Cristo é a única forma de dessedentar a sede que temos por vida.

Rev. Ézio Martins de Lima