Um empresário esperto bolou um adesivo para ser colado no vidro traseiro do carro, que diz: "Não me siga. Estou perdido." Este adesivo é amplamente usado, provavelmente porque trata com humor o fracasso universal citado por Tolstoi. Esse fracasso causa uma desesperança profunda e ampla e um senso de indignidade que desafia a nossa missão de sal e luz que mostra às pessoas o Caminho da Vida. A descrição de Jesus do sal insípido é triste, mas serve bem para caracterizar como nos sentimos sobre nós mesmos: "Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens" (Mt 5.13), não servindo nem para o solo nem para adubo (Lc 14.34).
Um ditado comum expressa esta mesma atitude: "Faça o que eu mando mas não faça o que eu faço" (mais risos?). Jesus falou sobre certos líderes religiosos (escribas e fariseus) de sua época: "Obedeçam-lhes e façam tudo o que eles dizem. Mas não façam o que eles fazem, pois não praticam o que pregam" (Mt 23.3). Não era, e não é, uma piada. O que Jesus diria de nós hoje? Será que não elevamos a atitude dos escribas e fariseus à condição de regra áurea da vida cristã? Não será este o efeito (intencional ou não) de tornar o discipulado opcional?
Não estamos falando de perfeição nem de merecer de Deus o dom da vida. Nossa preocupação é apenas com a maneira como entramos na vida cristã. Conquanto ninguém mereça a salvação, todos devem agir como se ela lhes pertencesse. Por meio de que ações do coração ou de que desejos e intenções temos acesso à vida em Cristo? O exemplo de Paulo nos instrui. Ele podia afirmar num único fôlego que "não era perfeito" (Fp 3.12), mas "façam o que eu faço" (Fp 4.9). Seus deslizes (quaisquer que fossem) eram deixados para trás enquanto ele prosseguia adiante por meio de sua intenção de alcançar a Cristo. Ele tinha a intenção de ser como Cristo (Fp 3.10-14) e era também confiante de obter graça para sustentar essa intenção. Assim, podia dizer a todos nós:
"Sigam-me! Eu me encontrei!"