quinta-feira, fevereiro 19, 2009

"SIGA-ME. EU ME ENCONTREI!"


Leon Tolstoi afirmou que "toda a vida do homem é uma contínua contradição do que ele sabe ser sua obrigação. Em cada departamento da vida, ele age em desafiante oposição às diretrizes de sua consciência e do senso comum".
Um empresário esperto bolou um adesivo para ser colado no vidro traseiro do carro, que diz: "Não me siga. Estou perdido." Este adesivo é amplamente usado, provavelmente porque trata com humor o fracasso universal citado por Tolstoi. Esse fracasso causa uma desesperança profunda e ampla e um senso de indignidade que desafia a nossa missão de sal e luz que mostra às pessoas o Caminho da Vida. A descrição de Jesus do sal insípido é triste, mas serve bem para caracterizar como nos sentimos sobre nós mesmos: "Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens" (Mt 5.13), não servindo nem para o solo nem para adubo (Lc 14.34).
Um ditado comum expressa esta mesma atitude: "Faça o que eu mando mas não faça o que eu faço" (mais risos?). Jesus falou sobre certos líderes religiosos (escribas e fariseus) de sua época: "Obedeçam-lhes e façam tudo o que eles dizem. Mas não façam o que eles fazem, pois não praticam o que pregam" (Mt 23.3). Não era, e não é, uma piada. O que Jesus diria de nós hoje? Será que não elevamos a atitude dos escribas e fariseus à condição de regra áurea da vida cristã? Não será este o efeito (intencional ou não) de tornar o discipulado opcional?
Não estamos falando de perfeição nem de merecer de Deus o dom da vida. Nossa preocupação é apenas com a maneira como entramos na vida cristã. Conquanto ninguém mereça a salvação, todos devem agir como se ela lhes pertencesse. Por meio de que ações do coração ou de que desejos e intenções temos acesso à vida em Cristo? O exemplo de Paulo nos instrui. Ele podia afirmar num único fôlego que "não era perfeito" (Fp 3.12), mas "façam o que eu faço" (Fp 4.9). Seus deslizes (quaisquer que fossem) eram deixados para trás enquanto ele prosseguia adiante por meio de sua intenção de alcançar a Cristo. Ele tinha a intenção de ser como Cristo (Fp 3.10-14) e era também confiante de obter graça para sustentar essa intenção. Assim, podia dizer a todos nós:
"Sigam-me! Eu me encontrei!"

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

O amor não cega...


Se eu der tudo o que tenho aos pobres e até mesmo for para a estaca a fim de ser queimado como mártir e não amar, não cheguei a lugar nenhum.

Assim, não importa o que eu diga, no que creia, e o que faça,

estou falido sem amor.

1 Coríntios 13.3



Se eu, profundamente apaixonado por alguém, começar a descrever com grande entusiasmo o que tem sido imperceptível ou ignorado desse alguém todos estes anos, algumas pessoas certamente irão me criticar dizendo, “O amor é cego”. Com isso, querem dizer que o amor diminui a minha capacidade de enxergar o que está de fato ali, de modo que a fantasia, feita sob medida para se encaixar em meus desejos, possa ser projetada sobre outro e assim o torne aceitável como amante. O desdobramento cínico é que se isso não acontecesse, se eu enxergasse o outro verdadeiramente, eu nunca me envolveria. Por quê? Porque todos são, de fato, completamente antipáticos, quer visível ou invisivelmente, ou, em alguns casos particularmente infelizes, ambos. O amor não enxerga a verdade, mas cria ilusões e nos incapacita de lidar com a dura realidade da vida.

O ditado popular, no entanto, está errado como na maioria das vezes estão os ditados populares. O ódio cega. O hábito, a complacência e o cinismo cegam. O amor abre os olhos. O amor capacita a enxergar o que esteve ali o tempo todo, mas foi ignorado na pressa e na indiferença. O amor corrige o astigmatismo de modo que o que foi distorcido pelo egoísmo agora pode ser visto com apreço. O amor cura a miopia de maneira que o que era apenas um borrão do outro agora está focado, de modo maravilhoso. O amor cura a hipermetropia de forma que as oportunidades para a intimidade não são mais ameaças borradas, e sim convites abençoados. O amor olha para aquele que não tinha “forma ou graça para que olhássemos para ele, e nenhuma beleza para que o desejássemos” e enxerga nele o “mais formoso dos filhos dos homens... ungido com o óleo da alegria sobre seus amigos”.

Se pudéssemos ver o outro como ele é, não haveria ninguém que não víssemos como “o mais formoso... todo perfumado com mirra, aloés e cássia”. O amor penetra nas defesas que foram construídas para proteger contra a rejeição, o desprezo e a depreciação, e enxerga a vida criada por Deus para o amor.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Leia a Bíblia e ganhe prêmios


Começa em 1º de março concurso “Vamos ler a Bíblia”, que prevê 300 dias de leitura da Palavra de Deus. A partir do dia 1º de março, os crentes vão ter um estímulo a mais para a leitura da Palavra de Deus. É o concurso “Vamos ler a Bíblia”, promoção que tem como principal objetivo estimular as pessoas a lerem todas as Escrituras Sagradas em 300 dias, até 25 de dezembro. Para isso, serão dados prêmios aos participantes que responderem corretamente à maior quantidade de perguntas referentes aos textos bíblicos lidos ao longo do ano de 2009. A base do concurso será um calendário de leitura diária, que deverá ser acompanhado por todos os participantes. Pelo programa, cada candidato terá que ler quatro capítulos por dia, tarefa que não deve consumir mais que 15 minutos. Serão realizadas 10 provas ao longo do concurso, contendo 30 perguntas de múltipla escolha. Os cinco primeiros colocados de cada prova vão ganhar prêmios como bíblias e novos testamentos digitalizados, aparelhos de MP3s e MP4s, celulares e máquinas fotográficas. Ao fim da campanha, o candidato que acumular mais pontos ganhará um notebook. Mas o melhor de tudo é que todos os participantes do concurso “Vamos ler a Bíblia” serão vencedores, pois certamente chegarão ao fim da campanha com a fé e o espírito fortalecidos pela Palavra de Deus. O concurso, que tem o apoio da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), já está com inscrições abertas através do site www.vamoslerabiblia.com.br/inscrevase.asp.

domingo, fevereiro 15, 2009

O respeito pelo mistério - John Calvin


“Ponderando sobre as regras de Deus para as questões humanas, devemos evitar dois erros comuns.

Embora a bondade de Deus (assim como a sua severidade) possa, às vezes, ser claramente discernida na história, outras vezes as causas dos eventos podem estar escondidas. Isto leva alguns a imaginar que os assuntos humanos rodopiem na confusa cegueira da sorte, enquanto outros falam como se Deus estivesse se divertindo, sacudindo a Humanidade para cima e para baixo como uma bola.

Os cristãos, por sua vez, crêem que as deliberações de Deus estão de acordo com um motivo maior. Em todos os eventos Seu propósito é também testar a paciência do Seu povo, corrigir a sua imoralidade, domar a sua devassidão, reforçar a sua auto-negação, movê-lo da letargia – ou perturbar o orgulho e combater os planos do inimigo da nossa fé. Não importa o quanto Suas razões específicas possam escapar à nossa percepção, podemos estar certos de que as razões estão nEle. Então podemos exclamar como Davi: “Senhor meu Deus! Quantas maravilhas tens feito! Não se pode relatar os planos que preparaste para nós! Eu queria proclamá-los e anunciá-los, mas são por demais numerosos!” (Salmos 40:05).

Dito isto, devemos também notar como Cristo declara que há algo mais nos desígnios de Seu Pai do que meramente o desejo de nos castigar. Pois ele diz sobre o homem cego de nascença: “Disse Jesus: ‘Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele’” (João 9:3). Cristo declara que , se tivéssemos uma visão clara, poderíamos ver, mesmo neste caso, que a glória de seu Pai é brilhantemente mostrada. Logo, não podemos compelir Deus a prestar contas de seus caminhos mas, em humildade, respeitar seus juízos secretos.

Por outro lado, quando surge este assunto, muitos expõem tolices monstruosas. Eles sujeitam as obras de Deus ao seu próprio raciocínio, presumindo conhecer Seus juízos secretos e fazem um julgamento prematuro de coisas que são extremamente misteriosas. O que pode ser mais irracional do que insultar os juízos secretos de Deus? Não é de se estranhar que tantos hoje em dia firam a doutrina da orientação divina com o veneno de seus dentes, ou a ataquem com suas injúrias. Nós, cristãos, somos justamente criticados por não estarmos cumprindo os mandamentos de Deus, nos quais a vontade dEle é compreendida de forma mais clara, e não simplesmente sustentando que o mundo seja governado por um Deus sábio.

Certamente, até mesmo na Lei e no Evangelho, encontramos mistérios que transcendem a nossa capacidade de compreensão mas, quando Deus ilumina nossas mentes com um espírito de sabedoria, eles não são mais um abismo, mas um caminho no qual podemos andar com segurança – uma lâmpada para guiar nossos pés, uma escola da verdade clara e certa. Mas a admirável maneira que Deus usa para governar o mundo é justamente chamada de abismo porque, enquanto estiver escondida de nós, é para ser reverentemente adorada.

Para citar Agostinho: “Assim como não conhecemos da melhor maneira todas as coisas que Deus faz a nosso respeito, devemos, com boa intenção, agir de acordo com a Lei”. Desde que Deus dá a Si mesmo o direito de governar o mundo, seja a nossa lei a humildade e submissão para aceitarmos Sua suprema autoridade. Esta é a única regra de justiça e a mais perfeita causa de todas as coisas – a ilimitada providência dominante, da qual nada flui que não seja correto, embora as razões possam ser ocultas”.

João Calvino