quarta-feira, fevereiro 18, 2009

O amor não cega...


Se eu der tudo o que tenho aos pobres e até mesmo for para a estaca a fim de ser queimado como mártir e não amar, não cheguei a lugar nenhum.

Assim, não importa o que eu diga, no que creia, e o que faça,

estou falido sem amor.

1 Coríntios 13.3



Se eu, profundamente apaixonado por alguém, começar a descrever com grande entusiasmo o que tem sido imperceptível ou ignorado desse alguém todos estes anos, algumas pessoas certamente irão me criticar dizendo, “O amor é cego”. Com isso, querem dizer que o amor diminui a minha capacidade de enxergar o que está de fato ali, de modo que a fantasia, feita sob medida para se encaixar em meus desejos, possa ser projetada sobre outro e assim o torne aceitável como amante. O desdobramento cínico é que se isso não acontecesse, se eu enxergasse o outro verdadeiramente, eu nunca me envolveria. Por quê? Porque todos são, de fato, completamente antipáticos, quer visível ou invisivelmente, ou, em alguns casos particularmente infelizes, ambos. O amor não enxerga a verdade, mas cria ilusões e nos incapacita de lidar com a dura realidade da vida.

O ditado popular, no entanto, está errado como na maioria das vezes estão os ditados populares. O ódio cega. O hábito, a complacência e o cinismo cegam. O amor abre os olhos. O amor capacita a enxergar o que esteve ali o tempo todo, mas foi ignorado na pressa e na indiferença. O amor corrige o astigmatismo de modo que o que foi distorcido pelo egoísmo agora pode ser visto com apreço. O amor cura a miopia de maneira que o que era apenas um borrão do outro agora está focado, de modo maravilhoso. O amor cura a hipermetropia de forma que as oportunidades para a intimidade não são mais ameaças borradas, e sim convites abençoados. O amor olha para aquele que não tinha “forma ou graça para que olhássemos para ele, e nenhuma beleza para que o desejássemos” e enxerga nele o “mais formoso dos filhos dos homens... ungido com o óleo da alegria sobre seus amigos”.

Se pudéssemos ver o outro como ele é, não haveria ninguém que não víssemos como “o mais formoso... todo perfumado com mirra, aloés e cássia”. O amor penetra nas defesas que foram construídas para proteger contra a rejeição, o desprezo e a depreciação, e enxerga a vida criada por Deus para o amor.

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