sábado, novembro 29, 2008

NÓS NOS TORNAMOS NAQUILO QUE AMAMOS - Parte I

Estamos todos num processo de transformação. Já saímos daquilo que éramos e chegamos a esta posição onde estamos; agora estamos caminhando para aquilo que seremos.

Saber que nosso caráter não é sólido e imutável e, sim, flexível e maleável não é, em si, uma idéia que incomoda. De fato, a pessoa que conhece a si mesma pode receber grande consolo ao compreender que não está petrificada no seu estado atual; que é possível deixar de ser aquilo que se envergonha de ter sido até então; e que pode caminhar em direção à transformação que seu coração tanto almeja.

O que perturba não é o fato de estarmos em transformação, e sim no quê estamos nos tornando; não é problema o estarmos em movimento, precisamos saber para onde estamos nos movendo. Pois não está na natureza humana mover-se num plano horizontal; ou estamos subindo ou descendo, alçando vôo ou afundando. Quando um ser moral (com o poder de escolha) se desloca de uma posição a outra, necessariamente é para o melhor ou para o pior.

Isto é confirmado por uma lei espiritual revelada no Apocalipse: "Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se" (Ap 22.11).

Não só estamos todos num processo de transformação, mas estamos nos tornando naquilo que amamos. Em grande medida, somos a somatória de tudo que amamos e, por necessidade moral, cresceremos na imagem daquilo que mais amamos; pois o amor, entre outras coisas, é uma afinidade criativa; muda, molda, modela e transforma. É sem dúvida o mais poderoso agente que afeta a natureza humana depois da ação direta do Espírito Santo dentro da alma.

O objeto do nosso amor, então, não é um assunto insignificante a ser desprezado. Pelo contrário, é de importância atual, crítica e permanente. É profético do nosso futuro. Mostra-nos o que seremos e, desta forma, prediz com precisão nosso destino eterno.

Amar objetos errados é fatal para o crescimento espiritual; torce e deforma a vida e torna impossível a imagem de Cristo se formar na alma humana. É somente quando amamos as coisas certas que nós mesmos podemos estar certos; e é somente enquanto continuamos amando-as que podemos nos deslocar lenta, mas firmemente, em direção aos objetos da nossa afeição purificada.

Isto nos dá em parte (e somente em parte) uma explicação racional para o primeiro e grande mandamento: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento" (Mt 22.37).

Tornar-se semelhante a Deus é, e precisa ser, o supremo objetivo de toda criatura moral. Esta é a razão da sua criação, a finalidade sem a qual não existiria nenhuma desculpa para sua existência (...)

Embora a perfeita restauração à imagem divina aguarda o dia do aparecimento de Cristo, a obra da restauração está em andamento agora. Há uma lenta, porém firme, transmutação do vil e impuro metal da natureza humana para o ouro da semelhança divina, que ocorre quando a alma contempla com fé a glória de Deus na face de Jesus Cristo (2 Co 3.18).

 

Rev. A. W. Tozer

sexta-feira, novembro 28, 2008

o prazer x felicidade

"O prazer pode apoiar-se sobre a ilusão, mas a felicidade repousa sobre a realidade"

Sébastien-Roch Chamfor

Como orar em meio a uma catástrofe financeira

Os historiadores vão olhar para o ano que mal terminou como um tsunami financeiro cuja onda deixou milhões de pessoas sem casa, provocou falências e perda de empregos. Como se estivessem competindo para abandonar os princípios básicos do capitalismo, os governos jogaram dinheiro em bancos, companhias de investimento e grandes seguradoras, numa tentativa de restaurar a confiança e estancar o fluxo de capital.

Durante um dos períodos mais voláteis, uma semana em que as bolsas de valores de todo o globo caíram por volta de US$ 7 trilhões, recebi um telefonema de um editor da Time. “Você escreveu um livro sobre oração, certo?”, ele disse. “Diga-me, como uma pessoa deve orar durante uma crise como esta?”. No decorrer da conversa, chegamos a um modo de orar em três estágios.

O primeiro estágio é simples, tal como um grito instintivo: “Socorro!”. Para alguém que encara uma demissão no emprego ou uma crise na saúde, ou assiste às afirmações sobre aposentadoria se desmoronarem, a oração oferece uma saída para expressar o medo e a ansiedade. Tenho aprendido a resistir à tendência de editar minhas orações de modo que pareçam sofisticadas e maduras. Acredito que Deus quer que nos acheguemos a Ele exatamente como somos, não importa quão infantil possamos nos sentir. Um Deus consciente de cada pardal que cai certamente sabe o impacto dos momentos de crise financeira sobre os frágeis seres humanos.

De fato, a oração é o melhor meio possível de externar nossos medos. Como um modelo para orações em tempo de crise, olho para Jesus na noite do Getsêmani. Ele se jogou no chão por três vezes, suou tanto que, de seu corpo, saíam gotas como de sangue e se sentiu “angustiado com tanta tristeza até a morte”. No meio daquela angústia, entretanto, sua oração mudou de “afasta de mim este cálice” para “faça-se a tua vontade”. Nas cenas de traição que se seguiram, Jesus foi a pessoa mais calma ali presente. Seu período de oração o aliviara da ansiedade, reafirmara sua confiança no Pai amoroso e dera coragem para encarar o horror que o esperava.

Se eu oro com a intenção de ouvir tanto quanto falo, posso entrar num segundo estágio, o da meditação e reflexão. O.k., tudo o que guardei em vida virtualmente desapareceu. O que posso aprender acerca de uma catástrofe? Em meio a notícias sobre finanças, uma canção da Escola Dominical ficava tocando em minha mente:

O homem sábio construiu sua casa sobre a rocha...
E a casa do homem sábio não se abalou.
O homem tolo construiu sua casa sobre a areia...
Oh, veio a chuva e a inundação chegou.

Um tempo de crise mostra uma boa oportunidade de se identificar a fundação sobre a qual construí minha vida. Se eu deposito minha máxima confiança numa seguradora financeira ou na habilidade do governo em resolver meus problemas, certamente vou assistir à inundação de meu chão, e as paredes vão desmoronar.

Um amigo de Chicago, Bill Leslie, costumava dizer que a Bíblia faz três perguntas principais sobre dinheiro: 1. Como você o obteve? (De maneira legal e justa ou por meio de exploração?); 2. O que você está fazendo com ele? (Satisfazendo luxúrias desnecessárias ou ajudando os necessitados?); e 3. O que ele está fazendo com você? Algumas das parábolas e ensinos mais incisivos de Jesus vão direto ao ponto central da última pergunta.

Conforme os analistas começaram a apanhar coisas das ruínas do colapso financeiro, começaram a tirar o pó de palavras fora de moda, como cobiça, moderação, integridade e confiança. Quando os executivos forram seus bolsos à custa de empregados e ações, os bancos fazem empréstimos especulativos com pouca probabilidade de liquidação da dívida e quem pede emprestado foge dos contratos de boa-fé, o sistema entra em colapso. Uma economia funcional se mantém firme por uma fina teia de confiança. Se você duvida, visite um país em que você tenha de pagar subornos para que algo aconteça e tenha de contar o troco depois de cada compra.

Na mesma semana que a saúde global encolheu por volta de US$ 7 trilhões, a taxa de inflação do Zimbábue bateu um recorde de 231.000.000%. Em outras palavras, se você havia poupado Z$ 1 milhão (1 milhão de dólares zimbabuanos) na segunda-feira, na terça valiam Z$ 1,58. Este fato surpreendente me leva ao terceiro e mais difícil estágio da oração em meio à crise: preciso da ajuda de Deus para tirar meus olhos dos meus próprios problemas, a fim de que eu olhe com compaixão para os verdadeiramente desesperados.

Jesus nos ensinou a orar: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”, e nós sabemos que o céu não inclui sem-tetos, indigentes ou famintos. Quando as ações da bolsa afundaram a uma profundidade desconhecida, não pude deixar de pensar nas faculdades privadas, agências de missões e outras instituições não-lucrativas, todas muito dependentes da dádiva de doadores.

Que testemunho seria se, em 2009, os cristãos resolvessem aumentar suas doações para a construção de casas para os pobres, combater a Aids na África e anunciar os valores do reino a uma cultura decadente, conduzida por celebridades? Esta resposta desafia todo o sentido comum e lógico – a menos que, é claro, levemos a sério a lição moral de Jesus naquela simples parábola a respeito de como construir casas sobre uma fundação firme.

Philip Yancey
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quinta-feira, novembro 27, 2008

Aja como se Deus ainda estivesse vivo - Philip Yancey

É difícil ler a Bíblia sem deparar–se com o assumo da idolatria: ela é, de longe, o tópico mais discutido. Para o leitor moderno, porém, uma pergunta insistente cerca estas passagens: Por que toda esta confusão em torno da idolatria? Qual a grande atração dos ídolos? Por que os hebreus, por exemplo, abandonavam Javé, o Deus que os libertara da escravidão no Egito, e iam atrás de troncos de árvores esculpidos e estátuas de bronze?

Descobri alguns aspectos desta questão ao visitar a Índia, onde a adoração aos ídolos é muito comum. As maiores atrações nas cidades são templos erigidos em honra a algum dos milhares de deuses: deuses macacos, deuses elefantes, deusas eróticas, deusas cobras e até mesmo uma deusa varíola. Lá observei que a idolatria tende a produzir dois resultados contraditórios: magia e trivialidade.

Para os devotos, a idolatria adiciona um toque de magia à vida. Os hindus acreditam que os deuses controlam todos os acontecimentos, incluindo desastres naturais, como monções, terremotos, doenças e acidentes de trânsito. E necessário manter estas forças poderosas satisfeitas a qualquer custo. Mas o que agrada um deus depende de seu caráter, e os deuses hindus podem ser terríveis e violentos. A maior cidade da Índia, Calcutá, adotou a deusa assassina Kali, que geralmente é retratada com uma guirlanda formada de cabeças ensangüentadas em torno da cintura. A devoção a deuses assim pode, facilmente, levar a um medo paralisante e a uma escravidão virtual aos caprichos das entidades.

Outros hindus, menos devotos, adotam outra atitude. Tratam os deuses como trivialidades, quase como amuletos de boa sorte. Um motorista de táxi coloca uma estátua pequena de um deus macaco, enfeitada com flores, no painel de seu carro. se alguém lhe perguntar ele dirá que ora para o deus, pedindo proteção, mas depois, rindo, acrescentará que todos sabem como é o trânsito da Índia.

As duas reações modernas à idolatria ilustram o que alarmava tanto os profetas de Israel. Por um lado, o motorista de táxi mostra como a idolatria pode tornar a deidade trivial. Talvez o deus ajude, talvez não, mas não há motivo para não seguir as instruções dele. Alguns israelitas adotaram essa atitude, vagando, despreocupados, de um deus para outro. Nenhum outro comportamento poderia ser mais diverso do que o exigido por Javé, o Deus verdadeiro. Ele escolhera os hebreus para serem reino de profetas, povo especial, separado. Fez ironia quanto ao absurdo de esculpir uma árvore para fazer um deus e depois usar os ramos da mesma planta para cozinhar uma refeição (Isaías 44:16). Ele é o Senhor do Universo e não um amuleto de boa sorte.

Com muita freqüência os ídolos do Oriente Médio, porém, assumiam formas mais sinistras, mais semelhantes à da deusa do mal de Calcutá. Os seguidores de Baal, por exemplo, o adoravam através de relações sexuais mantidas com as prostitutas no templo, ou até mesmo matando bebês como sacrifício. Essas atitudes de adoração não podem, absolutamente, coexistir com a devoção a Javé. O deus Baal–Zebub, cujo nome significa "senhor das moscas", acabou tornando–se sinônimo do próprio Satanás (veja Mateus 10:25).

Por qual razão ídolos sinistros como Baal mostraram–se tão irresistíveis? Assim como garotos vindos da fazenda se maravilham com a vida na cidade grande, os israelitas chegaram, depois de 40 anos vagueando no deserto, a uma terra de estágio cultural muito superior ao seu. Ao se estabelecerem e começarem com sua nova ocupação agrícola, olharam para uma deidade dos cananeus, Baal, buscando ajuda no controle das condições climáticas. Em outras palavras: procuraram um atalho mágico. De modo semelhante, quando um exército poderoso se levantou e ameaçou suas fronteiras, os hebreus tomaram emprestados alguns dos ídolos favoritos daquele exército, precavendo–se para o caso de sua própria religião não lhes trazer o sucesso militar. Os ídolos se tornaram em uma fonte ilusória de poder, lugar alternativo onde investir a fé e a esperança.

O culto a imagens esculpidas só desapareceu de Israel depois que Deus tomou a medida extrema de desmantelar a nação. Mas outras formas de idolatria, mais sutis, persistiram, e persistem até hoje. De acordo com o Novo Testamento, esta prática não envolve, necessariamente, imagens de madeira ou de pedra. Qualquer coisa que nos tente a nos afastarmos do Deus verdadeiro pode funcionar como um ídolo.

Na sociedade moderna, dominada por apelos à imagem e ao status, os ídolos são abundantes. Não é surpreendente que a idolatria produza em nós hoje os mesmos resultados que produziu nos israelitas. Alguns deuses Mamon, beleza, sucesso apelam à nossa sede de mágica. No nível humano, operam maravilhas, concedendo–nos um tipo de poder mágico sobre a vida de outras pessoas, bem como sobre a nossa. Preocupo–me mais, porém, com os deuses falsos que fogem à identificação fácil, aqueles que tendem para a trivialidade e não para a mágica. Na idolatria clássica, um símbolo visível expressava a mudança de lealdade. A maior parte dos ídolos atuais é invisível, mais difícil de se detectar.

Que ídolos modernos fazem Deus parecer trivial? Que tende a reduzir a surpresa, a paixão e a vitalidade de meu relacionamento com Deus? Na maior parte do tempo, não tenho a consciência de escolher entre um deus e Deus; as alternativas não se apresentam claramente. Em lugar disto, descubro que Deus foi deixado de lado por causa de uma série de pequenas distrações. Um carro que precisa de conserto, planos de última hora para uma viagem que se aproxima, uma torneira que pinga, o casamento de um amigo, essas distrações, meras trivialidades, podem levar a uma forma de esquecimento que se assemelha à idolatria em sua forma mais perigosa. A vida ocupada, e incluo aqui toda a ocupação causada pela religião, pode excluir Deus. Confesso que em alguns dias me encontro com pessoas, trabalho, tomo decisões, converso ao telefone, tudo sem pensar em Deus sequer uma vez.

Uma amiga minha foi pega de surpresa por um cético. Depois de ouvir toda a explicação dela sobre a fé, ele disse:

"Mas você não age como se cresse que Deus está vivo."

Eu tento transformar a acusação dele em uma pergunta: Será que o modo como ajo mostra que Deus está vivo? É uma boa pergunta, que fica no âmago de toda idolatria, e que devo fazer a mim mesmo todos os dias.

terça-feira, novembro 25, 2008

Los tres grados de amor



por A. W. Tozer

 

La frase «el amor de Dios» cuando la usan los cristianos, casi siempre se refiere al amor que Dios les tiene. Sin embargo, debiéramos recordar que también puede significar nuestro amor por él. El primer y más grande mandamiento es que amemos a Dios con todo nuestro ser. Todo amor tiene su origen en Dios y por esa razón es el amor de Dios mismo; sin embargo, se nos permite tomar y reflejar de vuelta ese amor de tal modo que en la realidad se convierte en nuestro amor, de la misma forma en que la luna refleja la luz del sol para crear la luz que ella irradia.

Algunos pensadores cristianos han dividido en dos clases el amor del cristiano: el amor de gratitud y el amor de excelencia.

El amor de gratitud

El amor que nace y surge de la gratitud lo encontramos en pasajes tales como Salmo 116.1: «Amo a Jehová, pues ha oído mi voz y mis súplicas». En Primera de Juan 4.19 leemos: «Nosotros le amamos a él, porque él nos amó primero». Este es un amor propiamente dicho y legítimo, y Dios se complace en él, aunque se encuentre entre los amores más elementales e inmaduros de las emociones religiosas. El amor que es el resultado de la gratitud por favores concedidos tiene en sí cierto elemento de egoísmo o por lo menos se encuentra en el límite para tenerlo. . No obstante, la pura verdad es que este amor lo despiertan y lo provocan únicamente los beneficios recibidos.

El amor de la admiración

Un amor más alto y sublime es el amor de excelencia. Este surge después de considerar el glorioso Ser que es Dios, y tiene un elemento poderoso de admiración. «Mi amado es blanco y rubio, señalado entre diez mil», leemos en El Cantar de los Cantares 5.10, y el versículo 16 del mismo capítulo añade «Su paladar, dulcísimo, y todo él codiciable, tal es mi amado, tal es mi amigo...»

La diferencia entre este amor y aquel que surge por la gratitud es que sus razones son más elevadas y el elemento del egoísmo se reduce casi al punto de desaparecer. Debiéramos observar, sin embargo, que los dos tienen algo en común: ambos tienen razón de existir. El amor que puede ofrecer razones es un amor racional y no ha alcanzado el nivel de un estado de pureza completa y total. No es amor perfecto.

El amor superior

Debiésemos llevar nuestro amor a Dios más allá del amor de gratitud y el amor de excelencia. Hay un estado avanzado de amor que va mucho más allá que cualquiera de los amores mencionados anteriormente.

Incluso abajo en el nivel meramente humano es muy común encontrar el amor que va más allá de la gratitud o de la admiración. Es posible que la madre de un niño con alguna discapacidad, por ejemplo, lo ame con un afecto o cariño totalmente imposible de comprender. El niño no expresa ningún tipo de gratitud, i el pequeño no ha sido más que una carga desde el momento de su nacimiento. Esta madre tampoco puede encontrar un elemento de excelencia que admirar porque no existe. Sin embargo, su amor es algo maravilloso y tremendo. Sus tiernos sentimientos han devorado al niño y ella lo ha asimilado en su propio ser a tal grado que ella siente que son uno. Y en la realidad ella es uno con él emocionalmente. Su vida y la del niño están más unidas que durante el período sagrado de gestación. La unión que se realiza y obtiene por los corazones es más hermosa que cualquier otro sentimiento que se pueda experimentar por la carne y la sangre.

Este amor supera a la razón, es decir, ni siquiera intenta presentar razones ni explicaciones de su existencia. No dice «te amo porque»; sencillamente se limita a susurrar «te amo». El amor perfecto no conoce la palabra «porque».

Existe un lugar en la experiencia religiosa donde amamos a Dios por lo que él es, sin siquiera prestar atención a sus beneficios. Y hay un lugar donde el corazón no razona. Es verdad, es posible que tenga su origen más abajo, pero rápidamente se remonta a las alturas de la adoración ciega donde la razón se detiene y el corazón adora más allá de la razón. Lo único que exclama es: «Santo, santo, santo» aunque a duras penas sabe lo que ello significa e involucra.

Aunque todo esto les parezca demasiado místico, muy poco real, no podemos ofrecer pruebas, ni nos esforzamos en defender nuestra posición. Esto lo pueden comprender únicamente aquellos que lo han experimentado. Es probable que la mayoría de los cristianos de nuestra era lo rechacen, y los miembros de la mayoría de las congregaciones lo querrán descartar como ridículo, absurdo y descabellado. ¡Así será! Algunos leerán y reconocerán una descripción exacta, precisa, puntual y certera de las elevadas cumbres iluminadas por el sol donde ellos han llegado, aunque sea por períodos breves, y donde anhelan regresar. ¡Y para ellos no habrá necesidad de presentar pruebas!


Tomado y adaptado del libro La raíz de los justos, A. W. Tozer, Editorial Clie, 1994