Um espelho - Eugene Peterson

Investiga a minha vida, ó Deus, Descubra tudo a meu respeito; Interrogue-me e prove-me Tenha um retrato claro daquilo que estou a ponto de...

Salmo 139.23

As pessoas se olham no espelho para ver sua aparência; olham para os Salmos para descobrir quem elas são. Um espelho é um excelente modo de aprender sobre a nossa aparência; os Salmos são uma maneira bíblica de nos descobrirmos. Com um espelho, detectamos uma nova ruga aqui, uma velha verruga ali. Usamos um espelho quando nos barbeamos ou fazemos maquiagem para melhorar, se pudermos, a face que apresentamos ao mundo. Com os Salmos trazemos à consciência uma tristeza antiga, liberamos uma alegria latente. Usamos os Salmos para nos apresentar diante de Deus o mais honesta e completamente que pudermos. Um espelho nos mostra a forma do nosso nariz e a curva de nossas bochechas, coisas que só poderíamos saber pelos outros. Os Salmos nos mostram a forma de nossas almas e a curva do nosso pecado, realidades em nosso íntimo, ocultas e obscuras, para as quais necessitamos de foco e de nomes.

Salmo 131 -Confiantes Nele de bom grado!

Salmo 131

1 Senhor, não é soberbo o meu coração,

nem altivo o meu olhar;
não ando à procura de grandes coisas,
nem de coisas maravilhosas demais para mim.
2 Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma;
como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe,
como essa criança é a minha alma para comigo.

3 Espera, ó Israel, no Senhor,
desde agora e para sempre.

Confiantes Nele de bom grado!

Muitos que têm viajado nesse caminho da fé têm descrito a transição da fé infantil que se apega a Deus por desespero a uma fé madura que responde a Deus por amor da seguinte maneira... “tão satisfeita como uma criança que foi desmamada”. Freqüentemente nossas vidas cristãs conscientes começam em pontos de desespero, e Deus, é claro, não se nega a suprir nossas necessidades. Há consolos celestes que rompem o nosso desespero e nos persuadem de que “tudo ficará bem e toda espécie de coisa estará bem”. Os passos iniciais da crença cristã não raro são marcados por sinais miraculosos e regozijos do espírito. No entanto, na continuidade do discipulado, o conforto gradualmente desaparece, pois Deus não quer que sejamos neuroticamente dependentes dele, mas de bom grado confiantes nele. E assim ele nos desmama. O período da infância não será estendido sentimentalmente para além do necessário. O tempo de desmame é quase sempre barulhento e marcado pelas incompreensões: “Eu não tenho mais a mesma vontade que tive quando me tornei cristão. Isso quer dizer que não sou mais cristão? Deus me abandonou? Será que fiz algo terrivelmente errado?” A resposta é “Nenhuma das alternativas. Deus não o abandonou, e você não fez nada de errado. Você está sendo desmamado. As cordas do avental foram cortadas. Você está livre para vir para Deus ou não. Você está de certa forma por sua própria conta, com um convite aberto para escutar, receber e desfrutar de nosso Senhor”. A última linha do salmo aborda essa qualidade da liberdade recém-adquirida: “ó Israel, espera no Senhor agora e para sempre”. Escolha estar com ele; eleja a sua presença, aspire seus caminhos; responda ao seu amor.