quarta-feira, outubro 22, 2008

“...não sei orar como convém!”




“Durante muitos anos, a oração foi, provavelmente, a dimensão mais fraca de minha vida como cristão (...) Depois de passar anos sentido-me inútil e culpado, comecei a perceber a verdade de uma afirmação feita por Clemente de Alexandria, um dos primeiros chamados ‘pais da Igreja’. Ele disse que ‘orar é desfrutar da presença de Deus’. Isso começou a proporcionar-me um novo enfoque sobre a oração. Comecei a ver a oração mais como uma amizade do que como uma disciplina rigorosa.  A oração começou a torna-se mais um relacionamento e menos uma realização”. (James Houston, Orar com Deus, p.7)

 Se eu não tivesse lido as palavras do Dr. Houston, é bem possível que eu teria escrito algo parecido. A sua confissão é também a minha confissão. Descobri que na escola da oração reconhecer que não se sabe orar é o primeiro passo da longa caminhada... Descobri que quanto mais oramos mais percebemos que não podemos dominar técnicas, pois a oração cristã não se aprende com métodos ou modelos. Orando, descobrimos que o princípio que envolve a oração não é “o dominar”, mas “o ser dominado”; não é “o controlar”, mas “ser controlado”.

A oração não é um capítulo da dogmática cristã, porque embora possamos fazer uma “teologia da oração,” e, embora a teologia seja necessária, ela não pode nos fazer penetrar no coração de Deus e sentir-nos bem-vindos ali.

Isto posto, devemos desconfiar de toda pessoa que se porta como portadora dos métodos de como orar bem. Não encontramos na Palavra de Deus métodos de oração, mas com muita freqüência encontramos a “experiência” daqueles que oram. Orar é experimentar Deus, pois orar é acima de tudo estar em comunhão com Ele.

O Rev. Dr. Harry E. Fosdick escreveu que “A decadência na oração importa na perda da própria religião no seu aspecto dinâmico interior de comunhão com o Eterno. Só resta uma divindade teórica ao que já deixou de comungar com Deus, e uma divindade teórica não salva ninguém do pecado e do desencorajamento, e a ninguém dá consciência duma comissão divinha. Para estas conseqüências vitais requer-se um Deus vivo que de fato trata com os homens”.

Quem, pois, poderia dizer que está satisfeito com sua vida de oração? Quem, pois, poderia dizer que já penetrou todos os seus mistérios e conhece todos os seus segredos?

Sempre e sempre os discípulos de Jesus são aqueles que na proximidade com o Mestre suplicam-Lhe que os “ensine a orar...”. O apóstolo Paulo, homem de oração desde tenra idade, escreve aos Romanos no capítulo 8.26: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza, porque não sabemos orar como convém...” .

É a primeira confissão que devemos fazer neste Congresso é: “...não sabemos orar como convém”.

Por isso clamamos a Jesus: “Oh! Senhor Jesus, amado Mestre e Salvador, Ensina-me orar!”.

Clamamos ao Espírito Santo: “O Divino preceptor. Oh! Amante de minha alma, interceda por mim!”.

Clamamos ao Eterno Pai: “Oh! Senhor Deus, Nosso Pai, Criador de todas as coisas, Dá-me entrar no teu coração. Dá-me o privilégio de ser surpreendido e controlado pela tua santidade e teu poder”.

No que tange à prática da oração não demora muito para aprendemos que os métodos, modelos ou técnicas de oração não nos fazem melhores oradores, nem tampouco nos motivam a orar mais. Estar aberto para Deus mesmo, a fim de que o solo no nosso coração possa receber o que Ele tem preparado para nós, reconhecer a nossa necessidade de entrar na dimensão da intimidade que Ele nos proporciona pela oração e, assim, gozar do maior de todos os privilégios, são, pelo menos para mim, a reais motivações para que eu não desista de orar!

 Rev. Ézio Martins de Lima

terça-feira, outubro 21, 2008

"Não conheço outra profissão em que seja tão fácil fingir como a nossa"

Não conheço outra profissão em que seja tão fácil fingir como a nossa. Existem comportamentos que podemos adotar para ser­mos considerados, sem nenhum questionamento, conhecedores de mistérios: ter um porte reverente, cultivar uma voz empostada, in­troduzir em nossas conversas e palestras palavras eruditas em quan­tidade suficiente apenas para convencer os outros de que nosso treino mental está um pouco acima do que o da congregação. A maioria das pessoas, ou pelo menos aquelas com quem convive­mos mais estreitamente, sabe que, na realidade, estamos cercados por enormes mistérios, como a vida e a morte, o bem e o mal, o sofrimento e a alegria, graça, misericórdia, perdão. Podemos in­sinuar familiaridade com esses assuntos profundos com gestos, sus­piros cheios de simpatia ou toques repletos de compaixão. Mesmo quando, no meio de ataques de humildade ou honestidade, declara­mos que não somos santos, ninguém acredita, porque todos preci­sam de ter certeza de que alguém tem contato com os assuntos mais elevados. As pessoas têm seu interior dividido entre listas de compras e boas intenções, adultérios (reais ou imaginários) que trazem culpa e atos heróicos cheios de virtude, desejo de se santi­ficar e anseio por auto-satisfação. Esperam tornar-se melhores a partir de, quem sabe?, amanhã ou, no mais tardar, da semana que vem. Enquanto isso não acontece, precisam estar perto de alguém que possa tomar o lugar delas, em quem possam projetar seus anseios de uma vida gratificante com Deus. Ao apresentarmos-lhes um fra­co simulacro do que esperam, elas o tomam como real e convivem com ele, atribuindo-nos mãos limpas e corações puros.

Os aspectos públicos e, conseqüentemente, menos pessoais de nossa vida podem ser simulados com igual facilidade. É possível pla­giar sermões dos mestres e aprender a dirigir uma liturgia maquinal­mente. Copiar trechos das Escrituras adequados para visitas domicili­ares ou hospitalares e colocá-los discretamente no punho da camisa para uma rápida olhadinha no momento da necessidade também não é difícil. Ainda podemos decorar meia-dúzia de orações que atendam a ocasiões em que nos pedem para fazer uma "oraçãozinha" para dar início a alguma reunião de forma apropriada. Finalmente, é possível aprender como fazer parte de algum comitê indo a algumas reuniões e anotando o que funciona e o que não dá certo.

Estive convencido, durante muito tempo, de que seria pos­sível dar seis meses de treinamento profissionalizante a qualquer formando do 2o grau e transformá-lo em um pastor adequado a qualquer congregação exigente. O currículo seria constituído de quatro matérias:

1. Plágio Criativo. Após participar de numerosas palestras exce­lentes e inspirativas, o aluno receberá instruções para alterá-las um pouco, apenas para disfarçar a origem, de forma a alcan­çar a fama de perspicácia e sabedoria.

2. Controle de Voz para Oração e Aconselhamento. Orientação para o desenvolvimento da entonação de voz, com aquisição de habilidade na ressonância e modulação, a fim de transmitir uma inequívoca aura de santidade.

3. Administração Eficiente de Gabinete. Não há nada que os paroquianos admirem mais em seus pastores do que a capa­cidade de administrar o gabinete com eficiência. Se retor­narmos os telefonemas dentro de 24 horas, respondermos as cartas no prazo de uma semana, distribuirmos cópias im­pressas para as pessoas-chave para que saibam que estamos no controle e tivermos uma certa confusão em cima de nos­sas mesas (se for muita confusão, pareceremos ineficientes, se houver muita ordem daremos a impressão de estar sem serviço), alcançaremos, com muita rapidez, a reputação de eficiência, que é muito mais importante do que tudo que fazemos.

4. Projeção de Imagem. Aqui, o aluno dominará meia-dúzia de ferramentas bem conhecidas e facilmente utilizadas que criam a impressão de que está terrivelmente ocupado e que é procurado a todo momento para aconselhar pessoas in­fluentes na comunidade.

Além das matérias básicas, uma semana de reciclagem por ano introduziria novas frases para convencer os paroquianos de que seu pastor é inovador, seguro de si, sempre atento às grandes tendências do momento mas, ao mesmo tempo, solidamente arraigado nos valo­res tradicionais dos santos que nos precederam.

Eugene Peterson (Um pastor segundo o coração de Deus)

segunda-feira, outubro 20, 2008

feito de um modo espetacular e perfeito!!!


Sir James Jeans, o famoso astrônomo britânico, disse certa vez: "O universo parece ter sido desenhado por um Matemático Puro". Joseph Campbell escreveu também sobre "a intuição de uma ordem cósmica, matematicamente definível".

Contemplando a ordem da Terra, do sistema solar e do universo estelar, cientistas e estudiosos concluíram que o Grande Projetista não deixou nada para o acaso.

A inclinação da Terra, por exemplo, de 23 graus, produz as nossas estações. Os cientistas dizem-nos que, se a Terra não tivesse a exata inclinação que tem, os vapores dos oceanos mover-se-iam para norte e sul, cobrindo os continentes de gelo.

Se a Lua estivesse a 80 mil quilômetros da Terra, em vez de 320 mil, as marés seriam tão enormes que todos os continentes seriam submergidos pela água — até mesmo as montanhas seriam afetadas pela erosão.

Se a crosta terrestre fosse apenas três metros mais grossa, não haveria oxigênio, e sem ele toda a vida animal morreria.

Se os oceanos fossem uns poucos metros mais profundos, o dióxido de carbono e o oxigênio teriam sido absorvidos e nenhuma vida vegetal poderia existir.

O peso da Terra foi estimado em seis sextilhões de toneladas (isso é um 6 seguido de 21 zeros). Ela tem, ainda assim, um equilíbrio perfeito e gira com facilidade no seu eixo. Ela revolve diariamente à razão de mais de 1.600 quilômetros por hora ou quarenta mil quilômetros por dia. Num ano isso dá mais de catorze milhões de quilômetros. Considerando o extraordinário peso de seis sextilhões de toneladas girando a essa fantástica velocidade ao redor do seu eixo invisível, as palavras de Jó 26:7 assumem significado sem paralelo: "Ele ...faz pairar a terra sobre o nada".

A Terra revolve em sua própria órbita ao redor do Sol, percorrendo a cada ano o longo circuito elíptico de 965 milhões de quilômetros — o que significa que viajamos nessa órbita à velocidade de trinta quilômetros por segundo, ou 1.800 quilômetros por hora.

Jó nos convida ainda a meditar sobre "as maravilhas de Deus" (37:14). Considere o Sol. Cada metro quadrado da superfície do Sol emite constantemente um nível de energia de 130 mil cavalos-força (isto é, aproximadamente 450 motores de oito cilindros) em chamas que estão sendo produzidas por uma fonte de energia muito mais potente que carvão.

Os nove grandes planetas no nosso sistema solar distam do Sol entre 57 milhões e cerca de cinco trilhões eoitocentos bilhões de quilômetros; cada um deles gira ao redor do Sol com absoluta precisão, com órbitas que variam entre 88 dias para Mercúrio e 248 anos para Plutão.

Ainda assim o Sol é apenas uma estrela menor nos 100 bilhões de astros que compõem a nossa galáxia, a Via Láctea. Se você fosse capaz de enxergar bem o suficiente, uma moeda de dez centavos estendida à distância de um braço ocultaria quinze milhões de estrelas.

Quando tentamos apreender mentalmente as quase incontáveis estrelas e outros corpos celestes encontrados na nossa Via Láctea, apenas, somos levados a ecoar o hino de louvor de Isaías ao Todo-Poderoso Criador: "Levantai ao alto os olhos e vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o seu exército de estrelas, todas bem contadas, as quais ele chama pelo nome; por ser ele grande em força, e forte em poder, nem uma só vem a faltar" (40:26).

Não é de admirar que Davi clame: "Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade. Da boca de pequeninos e crianças de peito suscitaste força, por causa dos teus adversários, para fazeres emudecer o inimigo e o vingador. Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites?" (Sl 8:1-4).[1]

A criação revela tanto poder que desconcerta nossa mente e deixa-nos sem palavras. Somos enamorados e encantados pelo poder de Deus. Gaguejamos e hesitamos diante da santidade de Deus. Trememos diante da majestade de Deus... e apesar disso mostramo-nos melindrosos e ressabiados diante do amor de Deus.


[1] Essa fascinante coleção de dados científicos foi extraída de uma apresentação realizada no Rotary Clube de Sea Island, na Geórgia, em 1978.