“Durante muitos anos, a oração foi, provavelmente, a dimensão mais fraca de minha vida como cristão (...) Depois de passar anos sentido-me inútil e culpado, comecei a perceber a verdade de uma afirmação feita por Clemente de Alexandria, um dos primeiros chamados ‘pais da Igreja’. Ele disse que ‘orar é desfrutar da presença de Deus’. Isso começou a proporcionar-me um novo enfoque sobre a oração. Comecei a ver a oração mais como uma amizade do que como uma disciplina rigorosa. A oração começou a torna-se mais um relacionamento e menos uma realização”. (James Houston, Orar com Deus, p.7)
Se eu não tivesse lido as palavras do Dr. Houston, é bem possível que eu teria escrito algo parecido. A sua confissão é também a minha confissão. Descobri que na escola da oração reconhecer que não se sabe orar é o primeiro passo da longa caminhada... Descobri que quanto mais oramos mais percebemos que não podemos dominar técnicas, pois a oração cristã não se aprende com métodos ou modelos. Orando, descobrimos que o princípio que envolve a oração não é “o dominar”, mas “o ser dominado”; não é “o controlar”, mas “ser controlado”.
A oração não é um capítulo da dogmática cristã, porque embora possamos fazer uma “teologia da oração,” e, embora a teologia seja necessária, ela não pode nos fazer penetrar no coração de Deus e sentir-nos bem-vindos ali.
Isto posto, devemos desconfiar de toda pessoa que se porta como portadora dos métodos de como orar bem. Não encontramos na Palavra de Deus métodos de oração, mas com muita freqüência encontramos a “experiência” daqueles que oram. Orar é experimentar Deus, pois orar é acima de tudo estar em comunhão com Ele.
O Rev. Dr. Harry E. Fosdick escreveu que “A decadência na oração importa na perda da própria religião no seu aspecto dinâmico interior de comunhão com o Eterno. Só resta uma divindade teórica ao que já deixou de comungar com Deus, e uma divindade teórica não salva ninguém do pecado e do desencorajamento, e a ninguém dá consciência duma comissão divinha. Para estas conseqüências vitais requer-se um Deus vivo que de fato trata com os homens”.
Quem, pois, poderia dizer que está satisfeito com sua vida de oração? Quem, pois, poderia dizer que já penetrou todos os seus mistérios e conhece todos os seus segredos?
Sempre e sempre os discípulos de Jesus são aqueles que na proximidade com o Mestre suplicam-Lhe que os “ensine a orar...”. O apóstolo Paulo, homem de oração desde tenra idade, escreve aos Romanos no capítulo 8.26: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza, porque não sabemos orar como convém...” .
É a primeira confissão que devemos fazer neste Congresso é: “...não sabemos orar como convém”.
Por isso clamamos a Jesus: “Oh! Senhor Jesus, amado Mestre e Salvador, Ensina-me orar!”.
Clamamos ao Espírito Santo: “O Divino preceptor. Oh! Amante de minha alma, interceda por mim!”.
Clamamos ao Eterno Pai: “Oh! Senhor Deus, Nosso Pai, Criador de todas as coisas, Dá-me entrar no teu coração. Dá-me o privilégio de ser surpreendido e controlado pela tua santidade e teu poder”.
No que tange à prática da oração não demora muito para aprendemos que os métodos, modelos ou técnicas de oração não nos fazem melhores oradores, nem tampouco nos motivam a orar mais. Estar aberto para Deus mesmo, a fim de que o solo no nosso coração possa receber o que Ele tem preparado para nós, reconhecer a nossa necessidade de entrar na dimensão da intimidade que Ele nos proporciona pela oração e, assim, gozar do maior de todos os privilégios, são, pelo menos para mim, a reais motivações para que eu não desista de orar!