Isaías 44.1-5: A bênção de se pertencer a Deus
1 Agora, pois, ouve, ó Jacó, servo meu, ó Israel, a quem escolhi.
2 Assim diz o Senhor, que te criou, e te formou desde o ventre, e que te ajuda: Não temas, ó Jacó, servo meu, ó amado, a quem escolhi.
3 Porque derramarei água sobre o sedento e torrentes, sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os teus descendentes;
4 e brotarão como a erva, como salgueiros junto às correntes das águas.
5 Um dirá: Eu sou do Senhor; outro se chamará do nome de Jacó; o outro ainda escreverá na própria mão: Eu sou do Senhor, e por sobrenome tomará o nome de Israel. (Isaías 44.1-5)
Pertencer a alguém parece-nos à primeira vista um conceito negativo. Não parece contradizer as nossas aspirações à liberdade e à autonomia? Tal ideia parecia muito negativa para o povo ao qual se dirige a mensagem do profeta, povo em exílio, submetido ao poder de outro: um povo que por conta da servidão já não pertence a si próprio.
Ao mesmo tempo, o Evangelho deixa claro que, mesmo não consciente, o ser humano encontra-se em situação de servidão (João 8.33; Rm 3.23). Se refletirmos sobre isto, descobrimos que não somos tão livres como às vezes nos arrrogamos em afirmar.
Não apenas não somos livres, como também dizemos ter posse de muitas coisas. Outras “coisas” ficam no campo dos desejos, mas as portas que lhes dão acesso continuam fechadas ou abrem-se apenas depois de um tempo de espera (ou muitos sacríficios).
A nossa pertença a Deus se processa de forma bem diferente. Ele escolheu-nos “desde o ventre”, desde sempre, antes que tivéssemos tempo de fazer ou merecer o que quer que fosse. Deus diz um sim incondicional ao povo a quem ele chama “seu servo”, que ele “libertou” de uma dura servidão e que por isso lhe pertence. Esse “sim”, que ele diz também a cada um de nós, torna-se fonte de vida: ela sacia a nossa sede de reconhecimento e de amor; ela pode jorrar mesmo no meio dos nossos desertos, e não secará.
Quando tomamos consciência deste “sim” de Deus, tornamo-nos testemunhas desta pertença e a proclamaremos como as testemunhas o fazem no texto (vs.5). Ao tomarmos consciência desta pertença, fruto da ação graciosa de Deus e do seu amor eterno (Jr. 31.3), podemos juntar-nos ao canto de alegria e também dizer: “eu sou de Cristo, eu pertenço a Cristo”.
· De que pertenças é feita a minha vida quotidiana?
· Como chegamos a esta consciência de que “pertenço a Deus”? O que isso provoca de forma concreta na minha vida? Como posso testemunhar esta pertença aos outros?
Rev. Ézio Martins de Lima