sábado, maio 23, 2009

Uma expressão de amor ...

Amar o Senhor da igreja e amar a igreja do Senhor. Estes ‘dois amores’ não se separam. A salvação é pessoal, mas é na vida comunitária, com todos os seus desafios e privilégios, é que expressamos realmente o quanto amamos e honramos a Deus ( I João 4.7-21)

O amor de Deus, assim, nos chama para viver em comunidade. O amor de Deus nos reúne e, assim, somos chamados “igreja”. E a igreja essencialmente é o lugar onde o amor que temos a Deus é manifesto e o amor aos outros se torna ação.

Algumas pessoas quando lêem ou ouvem que a Igreja é um lugar de amor, logo fecham ‘seu filtro’. Por se decepcionarem com algo dentro da Igreja acabam projetando sua decepção para justificarem a não permanência na família da fé.

Ora, ninguém é obrigado a amar a Igreja! O diabo não a ama. O mundo não a ama. Na verdade a Igreja é perseguida, afrontada... justamente porque alguns não a amam. Isso diminui o seu valor? Talvez seja importante lembrarmo-nos do valor que Ele tem para o Seu dono:

“...Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito”. (Efésios 5.25-27)

No amor dAquele que nos amou primeiro,

Ézio Martins de Lima, pr

quinta-feira, maio 21, 2009

IGREJA PERSEGUIDA - VOCÊ A CONHECE?

De olho na perseguição Uma análise da perseguição ao redor do mundo

Em pleno fim de século XX, houve verdadeiros massacres em nome da fé na Indonésia e Nigéria. Mas há muitos outros contextos em que milhares de pessoas têm seus direitos violados e são impedidas, totalmente ou em parte, de praticar sua escolha religiosa com liberdade.
Alguns são perseguidos, torturados e mortos. Outros vivem em constante pressão do governo, da sociedade, da família. São pessoas obrigadas a superar seus limites para continuar vivas, para trabalhar ou ter acesso à escola, para realizar seus cultos sem impedimentos, exercer sua fé sem preocupar-se com a polícia.
A perseguição em regiões diferentes
África
Há esperança em meio a uma fome devastadora, miséria terrível, conflitos militares e perseguição na Á frica. Essa esperança surge porque talvez esteja acontecendo lá o maior crescimento do cristianismo de que se tem notícia! Portas Abertas está envolvida no treinamento de alguns dos futuros líderes cristãos da África e está dando-lhes as ferramentas que precisam para levar o seu continente a Cristo.
Também queremos ter certeza de que esses novos cristãos têm as Bíblias e outras literaturas cristãs de que precisam para crescer na fé e pregar a Palavra de Deus!
Ásia
Mais de 55% da população do mundo vivem na Ásia. Durante anos, há perseguição e o martírio de cristãos nessa região. Apesar disso, a Ásia está passando por um incrível crescimento espiritual. Que grande testemunho do poder da Palavra de Deus! Portas Abertas provê Bíblias e literatura para a Ásia, sempre tendo como alvo as igrejas domésticas clandestinas da China.
Também damos cursos de treinamento extensivo para os líderes da Igreja para equipá-los com um completo conhecimento da Palavra.
América Latina
Ao contrário do que mostram os roteiros de viagem, há mais na América Latina do que sol, areia, águas mornas e gente boa. Os cristãos de Cuba, Colômbia, México e do Peru sofrem entre revolucionários, barões da droga e extremistas religiosos.
É por isso que Portas Abertas estabeleceu a Rede Ágape. São pequenas equipes que dão aulas de treinamento, realizam reuniões evangelísticas e organizam centros locais para produzir literatura cristã.
Mundo Muçulmano
O Oriente Médio é o berço da Igreja Cristã, ainda que, em algumas regiões, a Igreja quase tenha sido eliminada sob a pressão muçulmana.
A principal prioridade de Portas Abertas no Mundo Muçulmano é treinar uma nova geração de líderes cristãos para fortalecer a Igreja. Estamos também tentando garantir que todos os que queiram um exemplar da Palavra de Deus possam ter uma Bíblia.

http://www.portasabertas.org.br/

terça-feira, maio 19, 2009

Evangelismo com um toque a mais - John Stott



Em entrevista, John Stott reflete sobre nossa situação passada e futura.

Entrevista a Tim Stafford em 13 de outubro de 2006.

Em 2004, David Brooks, colunista do New York Times, escreveu que, se os evangélicos fossem escolher um papa, o eleito seria, muito provavelmente, John Stott que, aos 85 anos, encontra-se no centro da renovação evangélica que ocorre no Reino Unido. Seus livros e sermões bíblicos já cativaram milhões de pessoas por todo o mundo. Está sempre envolvido com concílios e diálogos mundiais importantes, inclusive como presidente do comitê que elaborou o Pacto de Lausanne (1974) e o Manifesto de Manila (1989) – dois documentos importantes para os evangélicos. Há mais de 35 anos ele dedica, todos os anos, três meses para viajar pelo mundo, dando atenção especial às igrejas localizadas em regiões onde o cristianismo é minoria. é pessoa mais do que adequada para comentar o passado, presente e futuro dos evangélicos. O repórter Tim Stafford, da revista Christianity Today, entrevistou John Stott em sua casa, em Londres.

Segundo sua opinião, o que é ser evangélico, e qual a importância disso?
JOHN STOTT - Um evangélico é um cristão simples e comum. Situamo-nos no centro do cristianismo histórico, bíblico e ortodoxo. Por isso podemos recitar o Credo Apostólico e o Niceno sem temor. Cremos em Deus Pai, em Jesus Cristo e no Espírito Santo.
Tendo dito isso, há dois aspectos que quero enfatizar: por um lado, a preocupação com a autoridade e, por outro, a salvação.
Para os evangélicos, a autoridade é Deus, que falou de modo supremo em Jesus Cristo. E isso vale também para a redenção, ou salvação. Deus agiu em e através de Jesus Cristo para salvar os pecadores.
Creio ser necessário que, para os evangélicos, acrescentar o que Deus falou em Cristo e no testemunho bíblico sobre Ele, e o que Deus fez em e através de Cristo são, ambos, para usar o termo grego, hapax – que significa "de uma vez por todas". A palavra e a obra de Deus em Cristo são definitivas. Imaginar que podemos acrescentar uma palavra sequer à palavra ou à obra dele é um desprezo imenso pela glória única de nosso Senhor Jesus Cristo.

Você não mencionou a Bíblia, e isso pode surpreender algumas pessoas.
Na verdade eu mencionei, mas você não notou. Falei Cristo e o testemunho bíblico sobre Cristo. Mas a ênfase realmente distintiva repousa em Cristo. Se você quer assim, pretendo passar a convicção de um livro para uma pessoa. O próprio Jesus afirmou que as Escrituras dão testemunho dele. A principal função delas é testemunhar de Cristo.

Parte da implicação do que você diz é que os evangélicos não devem ser um povo com inspiração negativa. Nosso verdadeiro foco deve ser a glória de Cristo.
Creio firmemente nisso. Cremos na autoridade da Bíblia porque Cristo a endossou. Ele se coloca entre os dois testamentos. Olhando para o passado, o Antigo Testamento, vemos que Ele o confirmou. Olhando para frente, para o Novo Testamento, aceitamos por causa do testemunho dos apóstolos sobre Cristo. De forma deliberada, Ele escolheu, nomeou e preparou os apóstolos, para testemunharem sobre Ele. Gosto de ver Cristo no centro, confirmando o antigo e apontando para o novo. Embora a questão do cânon do Novo Testamento seja complicada, em geral somos capazes de afirmar que o que é canônico é apostólico.

Em que a posição dos evangélicos mudou durante os anos de seu ministério?
Olho para trás – fui ordenado há 61 anos – e lembro que quando comecei na Igreja da Inglaterra, os evangélicos eram uma minoria desprezada e rejeitada. Os bispos não perdiam a menor oportunidade para nos ridicularizar. Nos 60 anos seguintes, vi o movimento evangelical na Inglaterra crescer em tamanho, em maturidade, e com certeza, em erudição. Por isso, penso em termos de influência e impacto. Saímos de um gueto e nos colocamos em posição de predomínio, lugar muito perigoso.

Você pode comentar sobre os perigos?
O orgulho é o perigo que está presente sempre e que se coloca diante de nós. Em muitos aspectos, é bom sermos desprezados e rejeitados. Penso nas palavras de Jesus: "Ai de vocês, quando todos falarem bem de vocês".
Voltando ao hapax, é um conceito que acarreta humildade. A essência da fé evangélica é muito humilhante. William Temple disse: "A única coisa minha com que contribuo para a redenção é o pecado do qual preciso ser redimido".

Temos visto, também, um enorme crescimento da Igreja por todo o mundo, em grande parte nas linhas evangélicas. Qual a sua opinião sobre a importância disso?
Esse crescimento enorme é o cumprimento da promessa de Deus a Abraão registrado em Gênesis 12.1-4. Deus prometeu a Abraão abençoar não apenas a ele, ou a sua família e sua posteridade, mas, através da posteridade dele, abençoar todas as famílias da terra. Sempre que vemos uma congregação multiétnica, presenciamos o cumprimento dessa maravilhosa promessa de Deus. Promessa feita a Abraão, há 4.000 anos e que se cumpre hoje, bem diante de nossos olhos.

Provavelmente, você conhece melhor essa Igreja que cresce do que qualquer outro ocidental. Gostaria de saber sua avaliação sobre ela.
A resposta é "crescimento sem profundidade". Ninguém contesta o crescimento imenso da Igreja, mas tem sido, em grande escala, numérico e estatístico. E o crescimento do discipulado não tem sido equivalente ao aumento dos números.

Como a igreja ocidental, que com certeza tem seus próprios problemas, pode interagir com a igreja não-ocidental? Neste exato momento muitas igrejas enviam grupos missionários para todas as partes do mundo.
Com toda certeza quero ter opinião positiva sobre viagens missionárias de curto prazo e creio que, no todo, são boas. Certamente dão aos ocidentais uma oportunidade maravilhosa de saborear o cristianismo do sul e de serem desafiados por ele, particularmente pela vitalidade exuberante que apresenta. Mas penso que os líderes dessas viagens missionárias agiriam com sabedoria advertindo os membros de que é uma experiência muito limitada, em uma missão transcultural.
A verdadeira missão, baseada no exemplo de Jesus, envolve penetrar em outro mundo, de outra cultura. A missão transcultural, em que o missionário encarna a outra cultura, é cara e pode ter um preço alto a pagar. O que quero dizer é: devemos entender que, quando Deus chama um missionário transcultural, serão necessários 10 anos para aprender a língua e conhecer a outra cultura e, assim ser, mais ou menos aceito, como parte do mesmo povo.

Então, não há como substituir um missionário de longo prazo?
Creio que não, à exceção de cristãos da mesma cultura.

E o que dizer sobre o que alguns dizem ser o maior campo missionário, sua própria cultura secularizadora ou secularizada? O que precisamos fazer para alcançar essa sociedade a cada dia mais pagã?
Penso que precisamos dizer um ao outro que ela não é tão secular quanto parece. Acredito que essas pessoas que taxamos como seculares se lançam à busca de pelo menos três coisas. A primeira é transcendência. é interessante notar que nessa cultura que classificamos como secular tanta gente procura alguma coisa além. Considero isso um grande desafio à qualidade de nosso testemunho cristão. Será que ele oferece às pessoas o que elas buscam instintivamente, ou seja, a transcendência, a realidade de Deus?
A segunda é a busca de significado. Quase todo mundo procura sua identidade pessoal. Quem sou eu, de onde vim, para onde vou, qual o sentido da vida? Isso desafia a qualidade de nosso ensino cristão. Precisamos ensinar às pessoas quem elas são, já que elas não sabem. Nós sabemos. Elas são seres humanos criados à imagem de Deus, embora a imagem esteja maculada.
A terceira coisa é a busca de comunhão. Em toda parte as pessoas procuram comunhão, relacionamentos de amor. Esse é um desafio à nossa comunhão. Gosto muito do que está escrito em 1 João 4.12: "Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor está aperfeiçoado em nós". A invisibilidade de Deus é um grande problema para muita gente. A questão é: como Deus resolveu essa questão? Primeiro, com Cristo, Deus tornou-se visível. O evangelho de João diz (1.18): "Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido".
Muitos dizem que isso é maravilhoso, mas que aconteceu há 2.000 anos. Então, em 1 João 4.12, ele inicia com exatamente a mesma fórmula: ninguém jamais viu a Deus. Mas, dessa vez, João prossegue: "se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós". O mesmo Deus invisível, que através de Jesus se fez visível, agora se torna visível através da comunidade cristã, se nos amarmos uns aos outros. E qualquer proclamação oral do evangelho será inútil se não for feita por uma comunidade cheia de amor.
Esses três elementos de nossa humanidade estão ao nosso favor para o evangelismo, porque as pessoas buscam exatamente o que temos a oferecer.

Então você não desistiu do ocidente?
Não desisti, mas acredito que o evangelismo deve se dar através da igreja local, da comunidade, e não dos indivíduos. A igreja deveria ser uma sociedade alternativa, sinal visível do reino. E a tragédia é que as igrejas locais muitas vezes falham em demonstrar comunhão.

Você quer falar sobre pregação?
Nunca me canso desse assunto. Sou um defensor inclemente da importância da pregação. Claro que se trata de pregação bíblica.

A pregação bíblica tem enfrentado grandes dificuldades em muitos lugares. O que você tem a dizer a um pastor que tenta, em desespero, prender a atenção do povo e, na verdade não tem a confiança que capacita a pessoa a pregar sobre um texto bíblico?
O problema é o mesmo em toda parte do mundo. Igrejas vivem, crescem e florescem pela Palavra de Deus. E murcham e até mesmo perecem na ausência dela.
Então, a Langham Partnership International (Parceria internacional Langham, instituição sem fins lucrativos fundada por Stott) possui três convicções básicas. A primeira é que Deus quer o crescimento da Igreja, que é dele. Um dos versículos que expressa isso com mais propriedade é Colossenses 1.28-29, onde Paulo diz que proclamamos a Cristo, alertando e ensinando a todos em toda sabedoria, para nos apresentarmos todos maduros em Cristo. Há um chamado claro à maturidade e ao crescimento.
Segundo, ela cresce pela Palavra de Deus. Suponho que você concorde que há outras formas de crescimento para a Igreja, mas, olhando o Novo Testamento como um todo, vemos que é a Palavra de Deus que amadurece o povo dele.
Isso me leva à terceira convicção: a Palavra de Deus chega ao povo, principalmente, pela pregação. Costumo imaginar, nas manhãs de domingo, o espetáculo maravilhoso do povo de Deus convergindo para os lugares de adoração por todo o mundo. Vão a catedrais construídas na Idade Média, a igrejas domiciliares, ao ar livre. Sabem que durante o ato de adoração haverá um sermão, que será bíblico, para que possam crescer através da Palavra de Deus.
Quando subo ao púlpito com a Bíblia nas mãos e no coração, o sangue me corre mais rápido pelas veias e meus olhos brilham devido à glória imensa de ter a Palavra de Deus para apresentar. Precisamos enfatizar a glória e o privilégio de compartilhar a verdade de Deus com o povo.

Que rumo nós, evangélicos, devemos tomar? Passamos por muitos percalços nos últimos 50 anos.
Minha resposta imediata é que precisamos ir além do evangelismo, que não deve ser especialidade dos evangélicos. Bem, sou totalmente comprometido com a evangelização do mundo. Porém, precisamos olhar além do evangelismo, para o poder transformador do Evangelho, tanto dos indivíduos quanto da sociedade.
Com relação aos indivíduos, noto a ausência, nas expressões diversas da fé evangélica, da busca pela santidade que caracterizou nossos antepassados, que fundaram o movimento Keswick, por exemplo, e a procura do que eles às vezes chamavam de santidade bíblica ou prática. Não sei como, mas santidade parece ter um sentido de falsidade. As pessoas não gostam de ser chamadas de santas, mas no Novo Testamento, santidade é semelhança a Cristo. Gostaria que todo o movimento evangélico tomasse a decisão consciente de crescer na semelhança a Cristo, da forma descrita em Gálatas 5.22-23.
Com respeito à transformação social, tenho refletido muito sobre as metáforas que o próprio Jesus escolheu em Mateus 5, o Sermão do Monte – o sal e a luz. "Vocês são o sal da terra; vocês são a luz do mundo". Parece-me que esses modelos apresentam pelo menos três elementos.
Primeiro, os cristãos são totalmente diferentes dos não-cristãos. Se não são, deveriam ser. Jesus coloca as duas comunidades em oposição. De um lado está o mundo, do outro estão vocês, que são a luz para o mundo sombrio. Jesus indicou que somos tão diferentes do mundo quanto a luz das trevas e o sal da deterioração.
Segundo, os cristãos precisam permear a sociedade não-cristã. O sal não serve para nada no saleiro. A luz não ajuda em nada se ficar escondida embaixo da cama ou em um balde. Ela precisa penetrar nas trevas. Então, as duas metáforas nos convidam a ser não apenas diferentes, mas a permear a sociedade.
Terceiro, a implicação mais controversa, as metáforas do sal e da luz indicam que os cristãos podem transformar a sociedade. Os modelos têm esse sentido, já que tanto o sal quanto a luz são bens eficientes, que transformam o ambiente em que são colocados. O sal impede a deterioração por bactérias. A luz dissipa as trevas. Não se trata de ressuscitar o evangelho social. Não podemos aperfeiçoar a sociedade, mas podemos melhorá-la.
Minha esperança é que, no futuro, líderes evangélicos incluam em sua agenda social tópicos essenciais, embora controvertidos, como alterações climáticas, erradicação da pobreza, fim das armas de destruição em massa, além de reagir de forma correta à pandemia da AIDS, defendendo os direitos humanos de mulheres e crianças em todas as culturas. Espero que nossa agenda não permaneça tão limitada quanto é hoje.

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domingo, maio 17, 2009

To Be or Not To Be

"...Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos

pobres a metade dos meus bens; e se nalguma cousa tenho

defraudado alguém, restituo quatro vezes mais"

(Lucas,capitulo 19.8)

Freqüentemente muitos se sentem "perdidos", sem saber muito bem quem são, para que nasceram.... Isso se deve a um não conhecimento de si mesmos, uma alienação existencial que faz com que se questione se realmente vale a pena viver a vida que se vive... Esta alienação existencial leva o ser humano à busca do auto-conhecimento e, conseqüentemente, do propósito da sua vida.

João Calvino, o ‘reformador de Genebra’, escreveu: “(...) é evidente que o homem jamais alcançará um conhecimento perfeito de si mesmo, a menos que primeiramente vislumbre o rosto de Deus e daí desça para a contemplação de si mesmo”.

O conhecimento de nós mesmos, se não passa por Cristo, é sempre distorcido. Uma auto-análise nunca é isenta de equívocos, pois, ou há uma rejeição do ser, julgando-se um fracassado, o que leva a um conformismo e acomodação com o seu destino, ou, por outro lado, incorre-se no erro de supervalorizar o “eu”, julgando-se melhor e mais forte dos que outros. Daí advém o orgulho, o preconceito, a vaidade...

Faz-se necessário um "conhece-te a ti mesmo", que passa por Cristo. Ele vai dizer quem somos, vai mostrar nossas qualidades, mas também nossas fraquezas, vai revelar nossas mazelas, nossos medos interiores, nossas incapacidades, nossos limites, vai mostrar o porquê dos nossos impedimentos e recalques. E não adianta apresentar a Deus um falso "eu", pois Ele nos conhece muito bem e sabe quem somos. Por isso mesmo, Jesus não olha para o "rótulo" de ninguém. Seja rótulo de "santo" ou de "prostituta"... Jesus é o Único capaz de olhar além das aparências. E, ao nos confrontar com o que de fato somos, nos leva a uma crise entre o que pensávamos que éramos e o que Ele está agora nos revelando que somos.

Podemos ver claramente essa "crise" acontecer em uma das mais fantásticas conversões do Novo Testamento - a de Zaqueu. Um homem rico, ‘mal visto’ por todos, cobrador de impostos (publicano), sem amigos verdadeiros, e com um "rótulo" intragável para a maioria das pessoas. Até havia um ditado na palestina nos dias de Jesus: ”Mais vale um cachorro morto do que um publicano vivo”.

Mas havia algo lá dentro dele que só Jesus conhecia e podia libertar. Jesus não apenas sabia o seu nome ao olhar para o alto da árvore, mas Jesus conhecia o seu potencial do que ele poderia "vir a ser". Se perguntássemos a Zaqueu até aquele dia quem ele era, a resposta seria - "eu sou um rico miserável, não sou feliz, sou um solitário, ninguém me ama...”.

Na verdade há o que os outros pensam de nós; há o que nós pensamos sobre nós, e há o que Jesus diz que somos. Somente diante de Jesus Cristo somos perfeitamente conhecidos. Ele nos revela o que nós somos na realidade....

Havia algo dentro de Zaqueu que precisava ser curado. Conversão é cura! Cura das mazelas, cura das feridas, cura do passado, cura da totalidade do ser. Zaqueu jamais poderia dizer o que disse ("dou metade dos meus bens aos pobres e restituo quatro vezes mais a quem defraudei"), se não tivesse passado por uma profunda conversão “do ser”. Chama a atenção a alegria e o desprendimento demonstrado por Zaqueu. Quando sabemos o que somos em Cristo, não há espaço para o medo, para a reserva, para as meias palavras. Quem sabe o que é não tem nada a esconder.

Esse encontro do “nosso ser” com Cristo, liberta-nos da angústia causada pela alienação pessoal, ao mesmo tempo em que nos traz a consciência do sentido da nossa vida. Isto significa a possibilidade de mudar o comportamento.... não mais nos rejeitarmos... não mais nos conformarmos e acomodarmos... não mais fugir da realidade.

No encontro pessoal com Cristo a “questão do ser encontra a resposta final!

No amor de Cristo,

Ézio Martins de Lima, rev