Conforme lidamos com as nossas feridas podemos nos tornar feridos que ferem ou feridos que curam. A Bíblia fala de dois tipos de tristeza: uma tristeza "mundana" que leva à autocomiseração, que nos faz assumir o papel de vítima e "produz morte"; e uma tristeza na perspectiva de Deus que pode gerar transformação e vida (2 Coríntios 8.10).
Mergulhando na história da nossa vida, encontramos momentos dramáticos em que tivemos que fazer a escolha crucial de nos tornarmos amargurados por nossas feridas ou feridos que curam. O filme "Patch Adams: o amor é contagioso" fala de um homem que fez a escolha de ser um ferido que cura e quase desistiu quando uma nova ferida o empurrou à beira do precipício. Para seu próprio bem e o bem das pessoas à sua volta, ele finalmente escolheu seguir o princípio bíblico de "vencer o mal com o bem” (Romanos 12.21). Na maioria das vezes optamos por uma solução intermediária, mesclando sentimentos de mágoa e o desejo de superar.
Nossa experiência pessoal de feridos curados pelo amor incondicional de Deus é que nos permite ser presença de consolo na vida daqueles que sofrem. Enquanto perseguimos nossa felicidade como prioridade absoluta, faremos isto à custa do bem estar do outro. Mas ao buscar minorar a dor do nosso próximo, encontraremos a plenitude de alegria para a qual fomos criados.
A cruz de Cristo proclama que a vida não se preserva negando a dor, o sofrimento e a morte, mas acolhendo o ciclo dor, da morte e ressurreição. Por isto, somos chamados a "levar sempre nos corpo o morrer de Jesus para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo” (2 Coríntios 4:10). Assim, em vez de fugir do sofrimento através de uma vida artificial, podemos superá-lo com o bálsamo do amor de Deus que tem o poder de transformar inclusive o “mal em bem”.
Precisamos, portanto, olhar para os retalhos da nossa vida na perspectiva de Cristo, que venceu o mal e a morte. Somente assim poderemos usá-los na confecção de uma obra de arte, fruto do milagre de Deus, que é a nossa existência à luz do amor de Deus e na dependência do Espírito Santo.
No amor dAquele que nos amou primeiro,
Rev. Ézio Lima