quarta-feira, julho 02, 2008

“O quanto você amou?”



Esta semana li uma interessante afirmação no livro “Espiritualidade Bíblica” (R. Paul Stevens e Michael Green). Green, no final do capítulo “Embaixadores do Amor”, escreveu que a única pergunta que iremos responder no julgamento final é esta: “O quanto você amou?”, e continua: “Este é o âmago, a pulsação do coração da Espiritualidade do Novo Testamento. Qual será a nossa sentença, então?”.

O amor é a chave para o discipulado cristão. Amor também é a sua medida. Este amor não é exclusivista, mas altamente inclusivo. Não é sentimentalmente alienado, mas é verdadeiramente comprometido. Por isso Jesus disse aos seus discípulos que deveriam amar seus próximos como a si mesmos, e até amar seus inimigos (Lucas 6.27). Porque Ele amou assim, tem autoridade para ensinar. Ele praticou o que pregou, e demonstrou que é possível vencer a tentação do mal e todas as suas artimanhas.

O caminho dos discípulos de Jesus não é outro senão aquele que o Mestre trilhou. Por isso o Apóstolo do Amor escreveu: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (I João 4.19). Amar o próximo é o mandamento do Senhor Jesus; e Jerônimo, lá nos primeiros anos da igreja cristã escreveu: “Porque este é o mandamento do Senhor, se é cumprido é o bastante”.

Que amor é este? Será que ele pode ser confundido com o ‘amor apaixonado’? Quando olhamos para a vida de Jesus, compreendemos bem que não se trata de uma paixão sentimental, que se estabelece em vínculos de interesse e egoísmo. O amor que se entrega sem reservas e sem esperar nada em troca não pode ser confundido com um sentimento apaixonado.

Quando Paulo falou desse amor, deixou claro que estava falando do jeito de amar de Jesus:

O amor é paciente (I Co 13.4).

O amor é bondoso (I Co 13.4). A palavra significa generoso.

O amor não é invejoso (I Co 13.4).

O amor não se vangloria (I Co 13.4). É recatado e discreto.

O amor não se ensoberbece (I Co 13.4)

O amor não se aproveita da vergonha (I Co 13.5). Ele se doa para perdoar, e não para expor os pecados.

O amor não é egoísta (I Co 13.5).

O amor não se exaspera (I Co 13.5). O amor adianta-se à retaliação e aos comentários falsos.

O amor não é volúvel (I Co 13.5).

O amor não demonstra o que é mal, mas se alegra com a verdade (I Co 13.6).

O amor suporta tudo (I Co 13.7). Solidão, equívocos, dor, negligência, oposição.

O amor crê no melhor das pessoas, não no pior (I Co 13.7)

O amor é experimentado aqui e agora: ele é o alicerce seguro para a esperança naquilo que não podemos ver (I Co 13.7).

O amor resiste a qualquer coisa, sem se transformar em cinismo (I Co 13.7).

O amor nunca desiste (I Co 13.8), como o amor de Jesus que suportou a morte na cruz.

Cada uma das características desse amor expresso em 1 Co 13 é como uma cor na paleta de um pintor. A figura pintada na junção de todas estas cores é o retrato de Jesus. Somente podemos compreender o amor em toda a sua profundidade, se olharmos para Jesus. Só podemos viver este amor em toda a sua extensão, se estas mesmas cores derem um novo colorido e uma nova expressão de vida em cada um nós! Quando isso acontecer, pela ação graciosa de Deus, em Cristo, pela ação do Seu Espírito, teremos a beleza de Cristo resplandecendo em nós; como uma bela imagem pintada pelos próprios dedos de Deus. (Romanos 8.29; II Co 3.18)

Que sejamos mais e mais semelhantes ao nosso Senhor Jesus! Não precisaremos, assim, ter qualquer receio da pergunta final: “O quanto você amou?”. Afinal, “o perfeito amor lança fora o medo” (I João 4.18)

Rev. Ézio Martins de Lima

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