quarta-feira, outubro 03, 2007

ORANDO COM OS SALMOS

O livro dos Salmos é o mais lido da Bíblia Sagrada! De uma forma muito especial, os Salmos fazem parte da espiritualidade cristã. De geração a geração, Salmos são lidos, decorados e orados nos momentos de oração individual, nos cultos em família e nos templos. Nos momentos de alegria, dor, angústia, medo, solidão... as pessoas sempre recorrem ao livro dos Salmos!
João Calvino, o Reformador, em seu prefácio ao Comentário ao Livro dos Salmos escreveu:
“Tenho por costume denominar este livro –e creio não de forma incorreta– de: “Uma Anatomia de Todas as Partes da Alma”, pois não há sequer uma emoção da qual alguém porventura tenha participado que não esteja aí representada como num espelho. Ou, melhor, o Espírito Santo, aqui, extirpa da vida todas as tristezas, as dores, os temores, as dúvidas, as expectativas, as preocupações, às perplexidades, enfim, todas as emoções perturbadas com que a mente humana se agita (...) Com toda certeza é uma rara e singular vantagem quando todos os esconderijos se põem a descoberto e o coração é trazido à claridade e purgado da mais perniciosa das infecções –a hipocrisia! Em suma, como invocar a Deus é um dos principais meios de garantir nossa segurança, e como a melhor e mais inerrante regra para guiar-nos nesse exercício não pode ser encontrada em outra parte senão nos Salmos, segue que em proporção à proficiência que uma pessoa haja alcançado o conhecimento em compreende-los, terá também alcançado o conhecimento da mais importante parte da doutrina celestial. A genuína e fervorosa oração provém, antes de tudo, de um real senso de nossa necessidade, e, em seguida, da fé nas promessas de Deus. (...) Numa palavra, tudo quanto nos serve de encorajamento, ao nos pormos a buscar a Deus em oração, nos é ensinado neste livro. (....) este livro nos torna notório este privilegio, o qual é desejável acima de todos os demais, a saber: que não só nos é franqueada aquele familiar acesso à presença de Deus, mas também que temos permissão e nos é concedida a liberdade de por a descoberto diante dele aquelas nossas fraquezas que teríamos vergonha de confessar diante dos homens. Além disso, temos também aqui prescrito uma regra infalível a nos orientar sobre a maneira correta de oferecer a Deus o sacrifício de louvor, o qual ele declara ser a coisa mais preciosa aos seus olhos e o mais agradável dos aramos (...) Em suma, não há outro livro em que somos mais perfeitamente instruídos na correta maneira de louvar a Deus, ou em que somos mais poderosamente estimulados à realização deste sacro exercício”
[1]

No livro de Salmos encontramos registros diversificados da vida com Deus por meio de relatos de indivíduos que expressam por meio da poesia a peregrinação na jornada da vida espiritual. Nossa aproximação do livro dos Salmos, por isso mesmo, não pode ser como um aluno em busca de mais conhecimento, mas como um co-peregrino em busca de relacionamento com Deus! Está é a temática do livro dos Salmos! Nestes relacionamentos individualizados encontramos a expressão genuína da fé por meio dos mais variados sentimentos. Neles, encontramos a profissão de fé de que Deus está presente, mas também o grito da solidão daquele que não consegue sentir a presença do Criador. Os Salmos não tentam abrandar a raiva por meio da racionalização, nem dão conselhos abstratos sobre a dor; em vez disso, manifestam as emoções de forma clara e audível, direcionando seus sentimentos para o Altíssimo Senhor! Os Salmos, por isso, são um convite à oração e à espiritualidade destituída de máscaras!
“Esta também é a razão porque o Saltério é o livrinho de todos os santos. Qualquer que seja sua situação, cada qual encontra nele salmos e palavras que se aplicam à sua condição e lhe são tão apropriadas como se fossem escritas somente para ele, de tal modo que nem ele próprio seria capaz de encontrar e desejar outras palavras melhores” (Martinho Lutero).

Rev. Ézio Martins de Lima

[1] CALVINO, João. O Livro de Salmos. São Paulo, Paracletos, p.34-36.

segunda-feira, outubro 01, 2007

Além de Filhos, também amigos do Senhor


Disse Jesus: “... tenho vos chamado ‘amigos’”
(João 15,15)


Ter amigos de verdade é uma necessidade, bem como uma benção de Deus. A Bíblia diz que no momento da nossa angústia o amigo se faz irmão (Provérbios 17.17). Contudo, bem melhor do que ter amigos, é ter um amigo que conhece nossas necessidades mais profundas e, que pode nos fortalecer diante das dificuldades e tem poder para nos livrar dos perigos desta vida e nos garantir a vida eterna. Este amigo é Jesus Cristo.
O Senhor nosso Deus não tem favoritos, mas tem amigos íntimos. Só os amigos O "conhecem na Sua intimidade", e podem a Ele recorrer sem cerimônia em tempo de crise, dúvida, risco, tristeza ou coisa desse tipo. Ser amigo do Senhor é estar protegido dos males da solidão; é ter consciência da Sua constante presença, providência e segurança. Ele se agrada quando qualquer filho decide por uma relação estreita e mais pessoal.
O Senhor quer muito mais de nós, Seus filhos. Quer-nos em intimidade, amigos. Como foram Enoque, Noé, Abraão, Jacó, José, Davi, Ezequias, Paulo e tantos outros que estiveram dispostos a ouvir a Sua voz e, com Ele, a transformar o mundo. Os amigos do Senhor, ao longo da história, se destacaram por suas experiências com Ele. Ultrapassam o tempo e são lembrados até hoje.
Em geral, em se tratando do povo de Deus, os Seus filhos vivem a história que Ele mesmo escreveu, mas Seus amigos são chamados por Ele para fazer acontecer. Só eles são escolhidos (premiados) para compartilhar dos Seus projetos. Daí a importância de manter uma constante e crescente vida de oração em busca da Sua perfeita vontade. Além do mais, a alma humana, mesmo redimida da morte espiritual, quer tenha consciência ou não, carece de um relacionamento espiritual, amigável, duradouro e mais estreito com o Seu Redentor. “A minha alma apega-se a Ti; a Tua destra me ampara”(Salmo 63.8), disse Davi, amigo do Senhor, e por isso mesmo, Rei de Israel (o Senhor investe em Seus amigos!!).
Infelizmente, alguns filhos de Deus - por não conhecerem-No como Amigo - têm sistematicamente regado em seus corações um sentimento de orfandade, que produz insegurança e medo. Na vida cristã, os sentimentos que produzem bons resultados custam muito até serem cultivados. Dependem do quanto investimos na aproximação pela intimidade com o Senhor.
De modo contrário, sentimentos como orfandade criam com bastante facilidade raízes profundas no coração. Por isso, é fundamental que, ao exemplo de Davi, apeguemo-nos ao Senhor, mesmo que quando "agarrados a Ele" provemos a aridez de todos os desertos dessa vida. “O choro pode durar toda noite, mas a alegria vem pela manhã" (Salmo 30.6b). Quando chorarmos devemos chorar somente apegados a Ele, pois Ele é "Galardoador dos que O buscam"(Hebreus 11.6b)... As promessas do Senhor valem mais do que tesouros - especialmente para os amigos. Só a intimidade com o Senhor produz segurança, só a segurança leva à alegria, e essa alegria nos faz provar o sentimento de sermos mais do que filhos, mas filhos e amigos do Senhor.
Seja amigo do Senhor! Busque intimidade com o Senhor!
Que Deus te abençoe!


Revs. Ézio Martins de Lima
e Ricardo César Vasconcelos