quarta-feira, novembro 07, 2007

Passando pelo vale do desencorajamento

Introdução:

· Todo ser humano enfrenta dificuldades.
· Contudo, as pessoas enfrentam as dificuldades idênticas de maneira bem diferenciada.
· Algumas pessoas encontram forças para enfrentar dificuldades e saem delas ainda mais fortalecidas.
· Outras pessoas sucumbem sem qualquer poder de reação.
Independentemente de como reagimos às dificuldades inerentes à vida, o fato é quando estamos desencorajados, somos tentados a responder frente a estas situações de uma maneira pela qual, um pouco mais à frente, muito possivelmente vamos nos arrepender.
Em tempos de aflição nós nos isolamos, culpamos pessoas e situações, fazemos deduções negativas, desistimos ou até seguimos em frente, mas com esses sentimentos acima tirando a paz. Desencorajados, passamos a viver sob a perspectiva de que há qualquer momento uma tragédia vai nos puxar definitivamente para o abismo. Andar pelo vale do desencorajamento não é nada fácil!

Transição: Nas Escrituras lemos sobre pessoas que experimentaram grande desencorajamento. Examinemos alguns exemplos e vejamos a fonte de tal sentimento.
1 – Raquel não podia ter filhos. Certo dia, em completo desespero e profundo desencorajamento ela exclama ao seu marido: “Dá-me filhos, senão morrerei.” (Genesis 30:1).
O desencorajamento de Raquel veio como resultado do ressentimento causado por uma situação sobre a qual ela não tinha nenhum controle ou poder para mudar.

2 – Quando os israelitas ouviram que os cananeus eram gigantescos e que viviam em cidades fortificadas, “...eles se levantaram e gritaram em voz alta; e o povo chorou aquela noite.” (Numeros 14:1).
O desencorajamento lhes sobreveio em razão da comparação. Eles olharam para aquela difícil situação, frente à qual se encontravam, atentando unicamente para os seus próprios recursos.
Olhar para as dificuldades da vida sem levar em conta os recursos que Deus tem para nós, é a causa de muitos desencorajamentos!

3 – Quando os israelitas vagavam pelo deserto, diz a Palavra de Deus que “...o povo se tornou impaciente no caminho.” (Números 21:4).
Como resultado eles ficaram desencorajados porque focalizados nas dificuldades, perderam de vista as promessas de Deus e suas provisões.

4 - Davi estava prestes a ser apedrejado por seus próprios homens, quando eles experimentaram profundo desencorajamento, motivado pela aparente perda de sua família e de seus bens. A experiência “de vale” de Davi veio como resultado dele haver experimentado a rejeição e a incompreensão por parte de quem esperava respeito, apoio e compreensão.
Quantas vezes somos desencorajados porque esperamos das pessoas o que elas não podem nos dar!
A boa noticia nesse episódio é que “Davi se reanimou no Senhor seu Deus.” (I Samuel 30:6).

5 – Elias chegou a um ponto tão extremo em seu desencorajamento que pediu até mesmo a morte para si (I Reis 19).
Primeiro: ele estava física e emocionalmente exausto, e fraco, pois havia ficado 40 dias sem se alimentar (às vezes o que precisamos é descansar... dormir.. e nos alimentar)
Segundo – este item talvez seja ainda mais significativo-, ele parecia consciente de estar trabalhando para Deus, mas sem um sentido claro da direção do próprio Deus.
A Bíblia registra que Elias foge a fim de proteger a própria vida. Entretanto, não havia nenhuma indicação de que essa era a indicação de Deus.
Quantas vezes nos encontramos “queimados” (desencorajados), correndo de um lado para o outro, mas sem uma direção clara e definida!

6 – Em seu profundo estado de desencorajamento Jó declara: “Por que esperar se já não tenho mais forças? Por que prolongar a vida, se meu fim é certo?” (Jó 6:11).
Pouco tempo depois encontramo-lo fazendo outra pergunta, e desta vez, especificamente para Deus: “Parece-me bem que me oprimas, que rejeites a obra das tuas mãos e favoreças o conselho dos perversos?” (Jó 10:3).
À luz dos sofrimentos de Jó, é possível que ponderemos que as suas considerações tenham algum sentido, quando ele parece concluir que Deus é o culpado pelo seu sofrimento e, portanto, Deus não é justo.
Quantas pessoas se tornam desencorajadas quando perdem a compreensão de que Deus é justo e perfeito em todos os Seus caminhos! Devemos sempre nos lembrar que somos limitados na compreensão e percepção de muitas situações de nossa vida. (Jó 42 : “Falei do que não sabia....”)
7 – Neemias se sentia muito desencorajado porque via que a obra de Deus estava sofrendo um retrocesso. Neemias estava desencorajado porque a cidade Jerusalém estava destruída e ele esta preso no palácio do rei.
Numa determinada ocasião Neemias estava tão triste e deprimido que o rei Artaxerxes o questionou sobre seu abatimento emocional.
Neemias, então, responde ao rei: “Como não me estaria triste o rosto se a cidade, onde estão os sepulcros de meus pais, está assolada e tem as portas consumidas pelo fogo?” (Neemias 2:3).
Quantas não sãs as pessoas que estão se sentindo completamente desencorajadas, porque seus sonhos parecem estar destruídos e não sabem nem mesmo como reconstruí-los?

Com base nestes exemplos bíblicos, podemos retirar algumas conclusões a fim de evitarmos certos desencorajamentos.
Nós precisamos:
1 – Distinguir entre situações mutáveis e não mutáveis em nossa vida. Não mutáveis são aquelas situações que Deus permite com o fim de concretizar dos Seus propósitos.
2 - Manter os olhos focalizados no poder de Deus e em Seus recursos.
3 – Rever as promessas de Deus e relembrar as maneiras em que Ele proveu no passado.
4 – Alegrar-se naquilo que Deus realmente é -, conhecer a Deus, Seus atributos, é fundamental para não atribuirmos a Deus aquilo que nega a Sua natureza.
5 – Esperar pelo tempo do Senhor. Manter-se firme esperando no Senhor é fundamental para não permitir que em momentos cruciais de nossa vida sejamos tomados de desencorajamento, dúvida ou medo.
6 – Crer com a mente e coração, e confessar com os lábios, que o Senhor é justo, bondoso e grande em misericórdia, não importa qual seja a situação que venhamos a enfrentar. (Salmo 27.13-14)
7 – Compreender que aquilo que pode parecer um retrocesso pode – na realidade – ser a maneira de Deus nos mostrar grandes e melhores planos para o nosso próprio bem-estar e deleite.

Rev. Ézio Lima