sábado, junho 30, 2007

TEMPUS FUGIT


“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz.” (Eclesiastes 3.1-8)


O tempo passa...
e também passamos quase que desapercebidos
A paisagem pouco muda,
as coisas quase sempre ficam no mesmo lugar
Mas os sentimentos?
Parecem consumir-nos como nos consome o tempo,
que é como um rato roedor de coisas...
E nós passamos...
e, assim, vamos tecendo nossa vida sobre o tecido invisível do tempo
.... dando nomes e significados a estas coisas para que na inevitável passagem
da vida não sejamos apenas escravos da ditadura do tempo marcado pelas horas
que sempre passam...
querendo ou não
sabendo ou não
passam..passam...passam...
e nós também passamos!


Ézio Lima

sexta-feira, junho 29, 2007

Crer também é pensar...e sentir!

Li esta semana um pequeno livro do Rev. John Stott, cujo título é "Cristianismo Equilibrado". O livro é muito interessante... Hoje vou postar uma parte do livro que chamou minha atenção...

Crer também é pensar...e sentir!
“A fuga da razão é um sinal distintivo da vida secular contemporânea (...) Porém, este tipo de antiintelectualismo é muito mais sério na igreja evangélica, pois a Palavra de Deus ensina que a nossa razão é parte da imagem divina na qual Deus nos criou. Ele é o Deus racional que nos fez seres racionais e nos deu uma revelação racional. Negar nossa racionalidade é, portanto, negar nossa humanidade, vindo a ser menos do que seres humanos. As Escrituras proíbem que nos comportemos como cavalos e mulas que são “sem entendimento”, e ao contrário, ordenam que sejamos “maduros” em nosso entendimento” Sl. 32.9, I Co. 14.20. De fato, a Bíblia nos diz constantemente que cada área da vida cristã é dependente do uso cristão de nossas mentes. Permita-me dar um exemplo: o exercício da fé. Muitos acham a fé e inteiramente irracional. Mas as escrituras nunca colocam fé e razão uma contra a outra, como sendo incompatíveis.
Pelo contrário, fé somente pode nascer e crescer em nós pelo uso de nossas mentes: “em ti confiarão os que conhecem o teu nome” (Sl 9.10); a confiança deles brota do conhecimento da fidelidade do caráter de Deus. Novamente, em Isaías 26.3: “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti, porque ele confia em ti”. Aqui, confiar em Deus e manter a mente em Deus são sinônimos e uma perfeita paz é o resultado.
À luz desta ênfase bíblica a respeito do lugar da mente na vida cristã, o que é que devemos dizer para a geração moderna dos antiintelectuais, os emocionais? Sinto muito ter de dizer que eles estão se autoproclamando intensamente, como sendo crentes mundanos.
Pois “mundanismo” não é apenas uma questão (como fui ensinado a acreditar) de fumar, beber e dançar, nem tampouco aquela velha questão sobre embelezar-se, ir a cinemas, usar minissaias, mas o espírito do século. Se absorvemos sem qualquer exame os caprichos do mundo (neste caso, o existencialismo), sem que primeiro sujeitemos isto a uma rigorosa avaliação bíblica, já nos tornamos crentes mundanos.
Sinto-me na obrigação de acrescentar, contudo, que se o antiintelectualismo é perigoso, a polarização oposta é quase igualmente perigosa. Um hiperintelectualismo árido e sem vida, uma preocupação exclusiva com ortodoxia não é cristianismo do Novo Testamento. Não há dúvida de que os crentes primitivos eram profundamente motivados pela experiência de Jesus Cristo. Se o apóstolo Paulo pode escrever sobre a “excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor”, e o apóstolo Pedro pode dizer que os crentes “alegram-se com gozo inefável e glorioso” (Fp. 3:8; I Pedro 1:8), ninguém pode facilmente acusá-los de tristonhos ou insensíveis.
A verdade é que Deus nos fez criaturas, tanto emocionais, como racionais. Se é um perigo negar nosso intelecto, é um perigo também negar nossas emoções. Mesmo assim, é o que muitos de nós estamos fazendo.
Qual, então, a verdadeira relação entre o intelecto e a emoção?
Em particular, nada coloca o coração tão em fogo como a verdade.
A verdade não é fria e seca. Pelo contrário, é cheia de calor e paixão, e em qualquer que seja o momento em que novas perspectivas da verdade de Deus surgem diante de nós, não podemos ser apenas contemplativos.
Somos movidos a responder, seja em penitência, ira, amor, ou adoração.
Pense nos dois discípulos a caminho de Emaús; na primeira páscoa, á tarde, quando o Senhor ressuscitado falava com eles. Quando Ele desapareceu, eles disseram um para o outro: “Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava e quando nos abria as Escrituras?”(Lc. 24.32). Eles tiveram uma experiência emocional durante toda a tarde. Por isso, descreveram a sensação que tiveram como um coração ardente. E qual foi a causa do ardor espiritual? Foi Cristo, abrindo-lhes as Escrituras!
É o mesmo hoje. Sempre que lemos as Escrituras e Cristo as abre para nós, para que captemos verdades novas, nossos corações devem arder dentro de nós. Esta combinação verdadeira de intelecto e emoção deveria ser visível, tanto na pregação como na compreensão da Palavra de Deus.

Rev. John Stott
Extraído do Livro “Cristianismo Equilibrado”