quinta-feira, outubro 30, 2008

"Corramos com paciência"


"Corramos com paciência" (Hb 12.1)

            Correr com paciência é muito difícil. Correr sugere imediata­mente ausência de paciência, desejo de alcançar rapidamente o alvo. Comumente associamos paciência com estar deitado. Pensamos nela como o anjo que guarda o leito do inválido. Entretanto, não penso que a paciência do inválido seja a mais difícil de obter.

            Há uma paciência que eu creio ser mais difícil — a paciência capaz de correr. Deitar-se no tempo da dor, estar quieto sob o golpe da hora difícil, exige grande força; mas eu sei de uma coisa que exige uma força ainda maior: é o poder de trabalhar debaixo de um golpe; ter um grande peso sobre o coração, e ainda correr; ter uma profunda angústia no espírito, e ainda executar a tarefa diária. É uma semelhança a Cristo.

            Muitos de nós seriamos capazes de nutrir uma dor sem chorar, se lhes fosse permitido nutri-la. A coisa difícil é que a maioria de nós é chamada a exercitar a paciência não na cama, mas na rua. Somos chamados a sepultar as nossas tristezas, não em plácida quietude, mas no serviço ativo — nos negócios, na oficina, na hora social, no contribuir para a alegria de outro. Nunca é tão difícil enterrar as tristezas como no meio dessas situações; é correr com paciência.

            Esta foi a Tua paciência, o Filho do homem. Era, a um só tempo, um esperar e um correr — um esperar pelo alvo, e um executar do trabalho de pouca aparência, enquanto isso. Eu Te vejo em Caná, transformando a água em vinho para que a festa das bodas não se ensombreasse. Eu Te vejo no deserto alimentando a multidão, apenas para aliviar uma necessidade temporária. Todo, todo o tempo, Tu estavas levando uma grande dor, não partilhada, silenciosa. Os homens pedem um arco-íris nas nuvens; mas eu pediria mais de Ti. Eu desejaria ser, na minha nuvem, eu mesmo um arco-íris, ministrando alegria aos outros. A minha paciência será perfeita, quando for capaz de trabalhar na vinha. — George Matheson

(Mananciais no Deserto - Volume I - Ed. Betânia, p. 280)