quinta-feira, dezembro 31, 2009

“fiquem tranquilos e confiem em mim...”


“O Senhor, o Santo Deus de Israel, diz ao seu povo: “Se voltarem para mim e ficarem calmos, vocês serão salvos; fiquem tranqüilos e confiem em mim, e eu lhes darei a vitória. Mas vocês não quiseram fazer o que eu disse. Pelo contrário, disseram assim: ‘Não! Nós vamos montar cavalos ligeiros e assim escaparemos do inimigo! ’ Pois fujam, se puderem; mas os cavalos dos inimigos são mais ligeiros do que os seus”. (NTLH)

(Isaías 30.15-20)

Na história de Israel, Deus pede ao seu povo duas coisas contraditórias: não fugir diante do perigo e não contar com as suas forças. Portanto, “Nós vamos montar cavalos ligeiros e assim escaparemos do inimigo!” é exatamente o que Deus não queria ouvir.

A identidade de Israel é a de um povo que, escravo no Egito, saiu de lá de “mãos vazias”, sem armas nem bagagens. O Êxodo tornou-se possível porque o próprio Deus se empenhou em abrir um caminho, aonde não havia nenhum. Israel teve apenas que se deixar conduzir. Mas, para se deixar conduzir, é necessário aceitar simultaneamente desprender-se do domínio dos acontecimentos e enfrentar o perigo como ele é: atravessar o mar, em vez de regressar ao Egito.

Não é raro ouvirmos a voz no interior de nós mesmos nos chamando de volta ao Egito “Foi por falta de túmulos no Egito que nos trouxeste para morrermos no deserto?” (Êxodo 14.11) protestam os Hebreus diante de Moisés. Toda uma parte de nós mesmos prefere o conforto da escravatura à dificuldade de olhar de frente os perigos da liberdade.

Aceitar avançar aonde não há caminho, desprender-se do domínio dos acontecimentos, saber contar com mais do que as suas próprias forças: eis a atitude que o profeta descreve pelas palavras “calma” e “salvação”. Se a salvação reside aí é porque a calma nos permite assumir a nossa própria vulnerabilidade e não a considerar como um obstáculo no caminho da liberdade.

Reconhecer-se vulnerável, sem “galopar”, é seguramente dar espaço ao “Deus de justiça” para agir, para nos “responder assim que nos ouvir”. Longe de nos conduzir à passividade, esta vulnerabilidade dá-nos a audácia de avançar sem previsão nem provisão. Eis o mistério da fé no Deus que faz muito mais do que pedimos e pensamos.

Nas sociedades altamente tecnológicas, onde o medo do fracasso impede de correr riscos e onde se quer prever sempre tudo, é essencial redescobrir a audácia da vulnerabilidade. É esse o convite do Deus de Israel, aquele que “nos faz sair da casa de servidão” (Êxodo 13.3).

Neste ano que ora se inicia, abramos nossos ouvidos para o convite precioso do Senhor: “Se voltarem para mim e ficarem calmos, vocês serão salvos; fiquem tranqüilos e confiem em mim, e eu lhes darei a vitória”.

No amor dAquele que nos amou primeiro,

Rev. Ézio Martins de Lima

segunda-feira, dezembro 28, 2009

UM CORAÇÃO AGRADECIDO


Estou 'postando' o esboço da mensagem que preguei neste domingo. O último domingo do ano celebramos o que chamamos de “Culto da Retrospectiva”, momento no qual lançamos nossos olhos para o ano que se finda em gratidão a Deus pelo seu amor e cuidado por nossas vidas.
Estou sinceramente tentando viver isso na minha vida, pois tenho aprendido que não preciso de mais para agradecer, mas que preciso aprender a agradecer mais. Acredito (falei isso no culto), que quando aprendemos a agradecer mais, estamos preparados para receber mais... Em alguns momentos sei que é muito difícil agradecer, mas tenho vislumbrado muitos milagres pelo simples fato de ter um coração agradecido a Deus.
Espero que o esboço da mensagem seja útil pra você, ainda que seja apenas um esboço... (e sem as correções linguísticas necessárias)

Ézio Lima, pr

Lucas 17.11-19
Um coração agradecido
27/12/09

Introdução: John Miller escreveu que "O quão feliz é uma pessoa depende da profundidade de sua gratidão."
Transição: Quais as lições do texto do evangelho de Lucas sobre a gratidão?
Os dez homens tinham algo em comum: sua condição era desesperadora.
A lepra era a doença mais temida nos dias de Jesus...
• A enfermidade levava os indivíduos ao ostracismo
• 50m era a distancia mínima que a lei determinava entre um leproso das demais pessoas que não tinham a doença.
1) Todos nós temos necessidades... e, claro, sempre consideramos nossa necessidade mais digna de ser suprida que a das demais pessoas.
• Eles apresentaram suas necessidades a Jesus.
• Quantas vezes neste ano não fomos até Jesus apresentando nossas necessidades?
• Como é bom saber que podemos contar com Jesus...
2) Um coração agradecido.
Quão fácil é apresentarmos a Deus e aos outros nossas necessidades, mas quão difícil é expressar gratidão...
Vejamos a história destes 10 homens..
• Imagine a ansiedade que eles tinham naquele momento de irem aos sacerdotes para serem autorizados para voltarem a vida que tinham antes da enfermidade.
• Imagine o desejo deles de voltar logo para os familiares e amigos.
• Dos 10 leprosos, contudo, apenas um disse: “Antes de tudo, quero voltar e agradecer a Jesus”.
A gratidão tem o poder de nos transformar. Tem o poder de transformar nossa forma de ver o mundo e ver as pessoas à nossa volta.
A nossa primeira reação é criticar com severidade os outros 9 leprosos que não voltaram para agradecer. Mas precisamos observar nossa própria vida. Somos verdadeiramente agradecidos? Eu agradeço a Deus pelo que tenho? Ou vivo reclamando por aquilo que não tenho?
10 homens receberam um presente (a cura da enfermidade), mas apenas 1 abriu o pacote e desfrutou de todo o seu conteúdo (foi além da cura física e experimentou a cura emocional e espiritual. Somente um foi integralmente curado).
A ingratidão nos torna amargos. O oposto de um coração agradecido, é um coração cheio de insatisfação, queixa, reclamação, lamúria...
Você consegue notar na pergunta de Jesus (“Não eram dez? onde estão os outros 9?”), que ele esperava que todos voltassem?
Jesus precisa da nossa gratidão? Claro que não. Mas a gratidão demonstra que a cura daquele homem não foi apenas física, mas também emocional e espiritual.
A gratidão a Deus, o louvor, a adoração, é a nossa expressão de amor a Ele mesmo, e não apenas por aquilo que Ele pode nos dar.
Um coração agradecido é a superação do egoísmo. O egoísta quer tudo para si, e quando recebe algo ele acha apenas que recebeu o pagamento por algo que merecia. O agradecimento é a atitude daquele que reconhece que não merece e que sabe que tudo o que tem é fruto do amor gracioso e cuidadoso de Deus. É por isso que o Apóstolo Paulo pode falar aos filipenses: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação ...tudo posso nAquele que me fortalece” (Filipenses 4.10ss)
Conclusão:
"A gratidão libera a plenitude de vida. Ela transforma o que temos em suficiente, e muito mais. Transforma a negação em aceitação, caos em ordem, confusão em clareza. Pode transformar uma refeição num banquete, uma casa em um lar, um estranho em um amigo. A gratidão dá sentido ao nosso passado, traz paz para o hoje, e cria uma visão para o amanhã." (Melody Beattie – escritora, jornalista)
A gratidão dos filhos de Deus tem sua base na ação misericordiosa de Deus no mundo. É uma ação que perpassa a nossa vida em toda a sua dimensão. A vida é um presente de Deus. Cada dia de nossas vidas é parte de um presente imerecido. E não somente a vida neste mundo passageiro marcado pela lepra do pecado, como também a fé no Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É uma bênção e um milagre poder agradecer a Deus pela vida e pela fé, mesmo que as coisas muitas vezes pareçam difíceis e complicadas para nós.
Fome e pestilência se espalhavam por toda a parte, enquanto a Guerra dos Trinta Anos sacudia a Europa política e socialmente, no Século 17. Em meio ao caos reinante, o pastor Martin Rinckart escreveu um belo hino de louvor e gratidão a Deus. No ano em que escreveu o hino, morreram seis mil pessoas na sua pequena cidade alemã, incluindo sua esposa e seus filhos. Em meio aos trágicos momentos de sua vida ele escreve um hino de gratidão, que seria cantado pelo povo de Deus nos séculos vindouros:
“Dai Graças ao Senhor, louvai seu nome santo. A Deus, o Criador, alçai o vosso canto, porque jamais cessou de nos abençoar, E nunca abandonou quem nele confiar.” (Hinário Luterano, 150)
Somente alguém que tem a sua fé e confiança no amor, na graça e no poder de Deus pode escrever um hino de gratidão em meio a tamanha dor por tão preciosas perdas nesta vida. É o milagre da fé que produz e manifesta gratidão. A gratidão que moveu o samaritano leproso a voltar para agradecer é a mesma que move os filhos de Deus hoje.
Por certo é muito mais fácil seguir os nove do que aquele que voltou para agradecer. Nem sempre a maioria está certa, especialmente em se tratando das coisas de Deus. Neste caso, não se trata de maioria ou minoria, mas trata-se do privilégio imerecido de “voltar e dar glória a Deus.”
Rev. Ézio Martins de Lima