Acompanhava estarrecido diante da TV as notícias sobre a tragédia no Haiti, e a conseqüente morte da Dra. Zilda Arns, quando fui tomado por um sentimento de intensa vergonha. Senti vergonha por estar apreensivo, preocupado e angustiado com os “meus” problemas enquanto o noticiário anunciava que cerca de 1% de toda a população do Haiti morrera em decorrência do terremoto de magnitude 7.0 na escala Richter, fora o fato de que cerca de 3 milhões de pessoas encontram-se feridas e desabrigadas. Desliguei a TV e orei pedindo perdão a Deus porque não raro supervalorizo os meus sofrimentos e me torno indiferente à dor dos outros. Também orei pelo Haiti, pelas famílias das vítimas e pelos desabrigados; e resolvi fazer uma doação, ainda que pequena, para “Os Médicos sem Fronteiras”. Então, me lembrei de um texto do Henri Nouwen:
“Quando pensamos nas pessoas que nos deram esperança e elevaram a força de nossa alma, podemos descobrir que não foram os conselheiros, nem os moralistas, mas os poucos que foram capazes de articular em palavras e ações a condição humana da qual participamos e que nos incentivaram a encarar as realidades da vida. Pregadores que reduzem os mistérios a problemas e oferecem soluções tipo band-aid são deprimentes, porque evitam a solidariedade compassiva da qual a cura advém. Mas a descrição de Tolstoi das complexas emoções de Ana Karenina, que a levam ao suicídio, e a apresentação de Graham Greene do caso do arquiteto belga Querry, cuja busca pelo sentido o leva à morte na selva africana, podem dar a nós um novo senso de esperança; não devido a qualquer solução que ofereçam, mas pela coragem de entrar tão profundamente no sofrimento humano e falar a partir dali. Nem Kierkgaard, nem Sartre, nem Camus, nem Hammarkjöld, nem Solzhenitsyn ofereceram soluções, mas muitos que leram suas obras encontraram forças para prosseguir em sua busca pessoal. Aqueles que não fogem de nossas dores, mas tocam-nas com compaixão, trazem novas forças e cura. Sem dúvida, o paradoxo é que o início da cura está na solidariedade com a dor. Em nossa sociedade voltada para a solução, é mais importante do que nunca compreender que querer aliviar a dor sem compartilhá-la é como querer salvar uma criança de uma casa em chamas sem o risco de se ferir. É na solidão que essa solidariedade compassiva toma forma.
O movimento do isolamento para a solidão, portanto, não é um movimento de retiro; é um movimento em direção a, é um engajamento mais profundo nas questões cruciais de nosso tempo. O movimento que vai do isolamento à solidão permite-nos perceber as interrupções como ocasiões para uma conversão do coração, o que transforma nossas responsabilidades em vocação, e não um fardo, a creia o espaço interior no qual uma solidariedade compassiva com nossos semelhantes é possível (...) E assim, o movimento do isolamento à solidão leva-nos espontaneamente ao movimento que vai da hostilidade à hospitalidade”. (Crescer: os três movimentos da vida espiritual. p.58-9)
Que os sofrimentos e preocupações pelos quais passamos jamais nos façam surdos, mudos e apáticos quanto à dor que os outros sentem.
No amor dAquele que nos amou primeiro,
Ézio Martins de Lima, pr
“Quando pensamos nas pessoas que nos deram esperança e elevaram a força de nossa alma, podemos descobrir que não foram os conselheiros, nem os moralistas, mas os poucos que foram capazes de articular em palavras e ações a condição humana da qual participamos e que nos incentivaram a encarar as realidades da vida. Pregadores que reduzem os mistérios a problemas e oferecem soluções tipo band-aid são deprimentes, porque evitam a solidariedade compassiva da qual a cura advém. Mas a descrição de Tolstoi das complexas emoções de Ana Karenina, que a levam ao suicídio, e a apresentação de Graham Greene do caso do arquiteto belga Querry, cuja busca pelo sentido o leva à morte na selva africana, podem dar a nós um novo senso de esperança; não devido a qualquer solução que ofereçam, mas pela coragem de entrar tão profundamente no sofrimento humano e falar a partir dali. Nem Kierkgaard, nem Sartre, nem Camus, nem Hammarkjöld, nem Solzhenitsyn ofereceram soluções, mas muitos que leram suas obras encontraram forças para prosseguir em sua busca pessoal. Aqueles que não fogem de nossas dores, mas tocam-nas com compaixão, trazem novas forças e cura. Sem dúvida, o paradoxo é que o início da cura está na solidariedade com a dor. Em nossa sociedade voltada para a solução, é mais importante do que nunca compreender que querer aliviar a dor sem compartilhá-la é como querer salvar uma criança de uma casa em chamas sem o risco de se ferir. É na solidão que essa solidariedade compassiva toma forma.
O movimento do isolamento para a solidão, portanto, não é um movimento de retiro; é um movimento em direção a, é um engajamento mais profundo nas questões cruciais de nosso tempo. O movimento que vai do isolamento à solidão permite-nos perceber as interrupções como ocasiões para uma conversão do coração, o que transforma nossas responsabilidades em vocação, e não um fardo, a creia o espaço interior no qual uma solidariedade compassiva com nossos semelhantes é possível (...) E assim, o movimento do isolamento à solidão leva-nos espontaneamente ao movimento que vai da hostilidade à hospitalidade”. (Crescer: os três movimentos da vida espiritual. p.58-9)
Que os sofrimentos e preocupações pelos quais passamos jamais nos façam surdos, mudos e apáticos quanto à dor que os outros sentem.
No amor dAquele que nos amou primeiro,
Ézio Martins de Lima, pr
Ola Ézio!
ResponderExcluirGraça e Paz!
Vim conhecer seu espaço digital. Bom posts! A internet é um espaço precioso onde podemos falar de Jesus e discutir diferentes pontos de vista!
Aproveitando, faço uma apresentação do meu blog:
Genizah é um blog cristão diferente. Hilário e divertido, mas que não dispensa a seriedade na defesa do Evangelho. Uma mistura bem balanceada de humor, denuncia e artigos devocionais. No Genizah, você fica sabendo da última novidade do absurdário "gospel", mas também não falta material para inspiração e ótimas mensagens dos melhores pregadores. Genizah é um blog não denominacional apologético, com um time é formado por escritores, pastores, humoristas e chargistas cristãos.
Aguardo sua visita. Vamos nos seguir!
Abraços em Cristo e Paz!
Danilo Fernandes
http://www.genizahvirtual.com/