quarta-feira, julho 15, 2009

O USO DISCIPLINADO DO DINHEIRO COMO EXPRESSÃO DA ESPIRITUALIDADE CRISTÃ - Parte II

Dicotomia, não!


Podemos definir dicotomia como a separação dos assuntos materiais dos assuntos espirituais. A dicotomia é a separação da “religião” e os “negócios”, da fé e as circunstâncias da vida, porque concebe que as coisas relacionadas ao corpo e ao que é material são essencialmente ruins, enquanto as coisas relacionadas à alma são essencialmente boas. Ora, isso pode ser tudo, menos bíblico. A fé cristã envolve a vida em todas as suas dimensões, e não partibiliza os setores da existência humana em gavetas diferenciadas.

O filósofo Gadamer escreveu que “o símbolo manifesta a presença de algo que está realmente presente”. Nisso ele pretendia dizer que uma religiosidade indefinida é religiosidade sem sentido. A experiência cristã resolvida é consciente dos desafios onde está inserida, e aplica nela os significados dos símbolos de fé que professa. A fé, portanto, não pode ser dissociada da vida, pois se o for, para que serve? Haja vista que a fé cristã é a fé que se expressa na vida e em todos os seus aspectos, os cristãos não podem encontrar dificuldades em viver sua espiritualidade, aplicando os princípios daquilo que crêem em todas as circunstancias da sua vida, e isso inclui, obviamente, o uso do dinheiro.

Por isso, o uso do dinheiro é também um capítulo da espiritualidade cristã. Quando lemos a palavra “espiritualidade” temos a tendência de imaginar pessoas genuflexas dentro de um mosteiro. Vista assim, este assunto de espiritualidade não parece combinar em nada com a vida agitada que a maioria de nós enfrenta todos os dias. Contudo, a espiritualidade cristã genuinamente bíblica é experimentada em todas as áreas da vida e em todo tempo. Havendo dicotomia, há por certo algo errado (I Co 10.31).

E como a espiritualidade cristã pode ajudar-nos no uso disciplinado dos recursos materiais? Ora, a espiritualidade cristã é a vida livre de todas as tiranias: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão”. ( Gl. 5.1 ; Cf. João 8.36). Esta liberdade em Cristo permite-nos ver as coisas materiais, e o dinheiro de forma específica, como são: bens para usarmos, e não para escravizar-nos, bens para usufruirmos a vida, e não para oprimi-la.

Rev. Ézio Martins de Lima

continua...

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