segunda-feira, novembro 17, 2008

CHAMADOS À FIDELIDADE














”Ah! Senhor, não é para a fidelidade que atentam os teus olhos?”

( Livro de Jeremias 5.3)

  A leitura do livro de Jeremias é densa: densa do pecado de um povo obstinado em perseguir o caminho do erro, mas também densa do amor de Deus que se inclina em buscar pelo Seu povo e chamá-lo ao arrependimento. Os primeiros capítulos de Jeremias revelam o amor de Deus que, metaforicamente, aplica a si mesmo a alcunha de “marido traído” que sai em busca das adúlteras esposas Israel e Judá (Jeremias. 3.8,13).

 

Os pecados transcritos por Jeremias não são diferentes dos que são cometidos em nossos dias: os que deveriam fazer justiça, julgam em causa própria; aqueles que deveriam zelar pela religião, usam-na como mercadoria para manipular e auferir lucro; aqueles que deveriam governar para o bem do povo, buscam alianças espúrias e  se  esquecem de buscar a direção segura que é dada por Deus; o povo, que deveria arrepender-se dos seus pecados e  virar as costas  para os deuses falsos, virou as costas para o Deus verdadeiro (Jr. 2.27).

 

 O livro de Jeremias é uma séria advertência para a vida cristã superficial de nosso tempo. Tempo marcado pelo abandono “do manancial de águas vivas” e pelo cavar incessante de “cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jr.2.13). Tempo marcado por templos cheios, mas de gente vazia de santidade e fidelidade aos princípios do Evangelho. Tempo marcado por cristãos eufóricos e extravagantes nos templos, mas de um cristianismo “anônimo” e “imperceptível” tanto da porta da casa pra dentro quanto da porta da casa para fora. Tempo marcado pela relativização do pecado, o que se constata no fato de que os “cristãos modernos” temem muito mais as conseqüências dos seus pecados do que o próprio pecado. Ora, quando nos ocupamos em cometer pecados escondidos dos olhos humanos, mas nem nos lembramos dos olhos de Deus, então é tempo de atentar para a Sua Palavra: “Se voltares, ó Israel, diz o Senhor, volta para mim; se removeres as tuas abominações de diante de mim, não mais andarás vagueando (...) Circuncidai-vos para o Senhor, circuncidai o vosso coração, ó homens de Judá e moradores de Jerusalém, para que o meu furor não saia como fogo e arda, e não haja quem o apague, por causa da malícia das vossas obras” (Jr. 4.1,4).

 

 O ser humano continua o mesmo, mas a cada dia se torna ainda mais especializado na arte de cometer antigos erros.

 

Há algumas opções a tomar diante destes cenários. A maioria opta pela revolta, lamúria e difamação --ainda que em forma de “piadinhas”. Entretanto não tenho dúvida que a melhor opção foi aquela tomada por Jeremias: permanecer fiel ao Senhor, ainda que tal decisão signifique um certo ostracismo (Jr. 16). Fidelidade esta que se manifesta no cumprimento de sua vocação: “Mas eu não me recusei de ser pastor, seguindo-te” (Jr. 17.16). Fidelidade que é demonstrada em viver o que se crê com muito mais ênfase do que dizer no que se crê. Fidelidade que se expressa não somente em proclamar a um mundo pervertido e idólatra sobre a necessidade do arrependimento e da fé em Jesus Cristo, como também em interceder diante do trono de Deus por este mundo a fim de que o Senhor, por Sua graça, derrame Sua misericórdia sobre nós.

 

 Que o exemplo de Jeremias nos motive a sermos fiéis ao Senhor!

 

 

Ézio Martins de Lima, rev.

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