A união entre o Pai e o Filho é uma coisa tão concreta e viva, que é, ela mesma, também uma pessoa. Sei que isso é quase inconcebível, mas vamos tentar encará-la da seguinte forma. Você sabe que as pessoas, quando se, reúnem em família, clube ou sindicato, falam do "espírito" de família, clube ou sindicato. Eles dizem isso porque os membros individuais, quando reunidos, realmente desenvolvem formas particulares de falar e comportar-se que não teriam se estivessem separados. Até parece que esse tipo de reunião traz à existência uma espécie de personalidade comunitária. É claro que não se trata de uma pessoa real; trata-se antes de algo parecido com uma pessoa. Mas essa é apenas uma das diferenças entre Deus e nós. O que emana de uma junção entre a vida de um pai e a de um filho e uma pessoa real. Trata-se na realidade das três pessoas que são Deus.
Essa terceira pessoa chama-se, em linguagem técnica, Espírito Santo ou "espírito" de Deus. Não fique surpreso ou assustado se você encontrar isso (ou Ele) de forma mais vaga e mais nebulosa na sua mente do que encontra as outras duas pessoas. Acho que há uma razão para isso ser assim. Na vida cristã você não costuma olhar para ele. O Espírito Santo está sempre agindo por meio de você. Se você imagina o Pai como algo que esta "lá fora", na sua frente, e o Filho como alguém que esta parado do seu lado, ajudando-o a orar, tentando torná-lo um outro filho, então deve pensar na terceira pessoa como algo que se encontra dentro de você ou atrás de você. Quem sabe algumas pessoas possam achar mais fácil começar com a terceira pessoa e trabalhar daí para trás. Deus é amor e esse amor é trabalhado por meio do homem - especialmente por meio da comunidade cristã. Mas esse espírito de amor é, desde toda a eternidade, um amor que se da entre o Pai e o Filho.
C. S. Lewis - Cristianismo Puro e Simples
Nenhum comentário:
Postar um comentário