Recebi recentemente um texto que se reportava a uma entrevista concedida pelo médico Drauzio Varella. Segundo o texto, o Dr. Drauzio afirmou que nós ‘temos um nível de exigência absurdo em relação à vida’, que queremos que absolutamente tudo dê certo, e que, às vezes, por aborrecimentos mínimos, somos capazes de passar um dia inteiro de cara a marrada. O texto que recebi, continuava assim: “Tem gente que tem a vida muito parecida com a de seus amigos, mas não entende porque eles parecem ser tão mais felizes. Será que nada dá errado para eles? (...). O que não falta neste mundo é gente que se acha o último biscoito do pacote. Que "audácia" contrariá-los! São aqueles que nunca ouviram falar em saídas de emergência: fincam o pé, compram briga e não deixam barato. Alguém aí falou em complexo de perseguição? Justamente. O mundo versus eles. (...) Vinte e quatro horas têm sido pouco para tudo o que eu tenho que fazer, então não vou perder ainda mais tempo ficando mal-humorado. Se eu procurar, vou encontrar dezenas de situações irritantes e gente idem, pilhas de pessoas que vão atrasar meu dia. Então eu uso a "porta do lado" e vou tratar do que é importante de fato. Eis a chave do mistério, a fórmula da felicidade, o elixir do bom humor, a razão porque parece que tão pouca coisa na vida dos outros dá errado”.
A leitura deste texto levou-me a alguns minutos de reflexão! Fiz um paralelo entre as palavras do texto, as palavras do apóstolo Paulo, as minhas reações e as reações cotidianas da maioria das pessoas...
Estou certo que precisamos urgentemente formar-nos na “Escola do Contentamento”. Mas não se engane! De todas as disciplinas educativas nesse universo da experiência, a mais difícil de todas é a que trata do contentamento. Nada pode ser mais custoso do que uma vida pautada pela autêntica satisfação. De um modo geral, os alunos na escola da vida são reprovados nessa matéria, quando demonstram com desgosto imenso suas lamúrias diante das realidades da existência. Muito pouca gente consegue classificação nesse assunto.
O apóstolo Paulo foi um dos raros discípulos aplicados nessa Escola do Contentamento, pois realmente aprendeu a viver satisfeito. Quando ele escreveu esta carta, encontrava-se preso em Roma sob condições extremamente hostis. Paulo sofreu nessa vida as mais duras perseguições e passou por momentos de privações humilhantes, sem jamais demonstrar uma atitude de desprazer.
Ser aprovado em matéria de contentamento não é um assunto que estimule as multidões, mas uma mente satisfeita é uma festança que anima muita gente tediosa. Como é bom conviver com uma pessoa que sabe celebrar a vida! A verdadeira satisfação resplandece no escuro, por isso Paulo, em um cárcere tenebroso em Filipos, era mais exultante do que Adão no paraíso dos prazeres.
Aquele que se satisfaz com menos tem um patrimônio muito grande para garantir a sua felicidade duradoura. Alguém disse que “o contentamento consiste não em acrescentar mais combustível, mas em diminuir o fogo; não em multiplicar a riqueza, mas em diminuir os desejos”. Aquele que se encontra satisfeito com menos coisas é bem mais feliz do que aquele que vive ambicionando ansiosamente cada vez mais, buscando avultar o muito que já possui. A verdadeira riqueza não consiste em ter muitos bens, mas em viver bem com menos riqueza.
Viver contente em todas as situações é uma bênção da pedagogia celestial. A escola da graça de Deus é muito prática e aqueles que aprendem a viver contentes são treinados na experiência diária. Deus nunca ensina um conteúdo espiritual aos seus filhos de maneira teórica. A educação dos santos é exercida no traquejo efetivo da realidade cotidiana. No reino de Deus não há contentamento sem fornalhas aquecidas nem serrotes amolados.
Mas, o contentamento não significa acomodação. A obra da graça de Deus não propõe a estagnação das pessoas nem o conformismo da iniciativa. Graça indolente é uma contradição de termos. O contentamento do coração nada tem a ver com esse desinteresse anêmico ou a resignação apática de gente lerda. O espírito satisfeito pela graça de Deus não quer dizer um espírito indiferente ao crescimento de uma vida sadia. Toda pessoa alcançada pelo evangelho de Cristo torna-se diligente em sua missão nesse mundo.
Bom... mas sobre isso continuaremos falando outro dia...
No amor dAquele que nos amou primeiro,
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